EPISÓDIO 29 - final
Dulcinéia entrou no vestiário do colégio toda saltitante, alegre e feliz. E remexendo os cabelos negros, foi anunciando.
- Sabrina, tô namorando. Ontem fui à igreja com mamãe. Você nem vai acreditar! O pastor... sabe quem é o pastor? Caio, o motorista!
Falou desgovernadamente, sem parar.
- Sabrina, eu nem pude acreditar quando o vi ali no altar, não consegui me controlar. Tremia. No final, sabe o que aconteceu? Ele pediu mamãe permissão pra namorar comigo. Pediu permissão, como antigamente! Depois nós dois conversamos. Você sabe, a gente já se conhecia do ônibus. Já te contei que estava apaixonada por ele... Ah, Sabrina, como estou feliz!
- Está, é? E vai se casar logo?
- Sei lá! Tomara que sim! Quero um casamento igual ao das novelas! – disse, segurando as pontas da saia e dançando.
- Espero que seja nos próximos dez minutos!
- Como?
- É o que você ouviu. Daqui a 10 minutos você vai estar é morta, sua mentirosa!
Dulcinéia arregalou os olhos.
- O quê? Não entendi!
Sabrina partiu pra cima dela, que foi apanhada de surpresa, mas reagiu. As duas se atracaram, gritando, esperneando, puxando os cabelos, dando coices, derrubando coisas. A outra copeira apertava a garganta de Dulcinéia, que começou a tossir. A colega assustou e soltou-a. Dulcinéia, em vantagem, deu uma chave-de-braço em Sabrina até ela berrar de dor, mas subitamente parou de gritar e ficou imóvel, petrificada mesmo, olhando fixamente para a porta. Dulcinéia se apavorou.
- Meu Deus, matei Sabrina! Agora vou ter que fugir pro resto da vida!
Faz menção de correr, quando viu à porta uma mulher luxuosamente vestida, coberta de jóias, observando-as.
- Que divertido! Que gracinha...
A mulher começou a bater palmas freneticamente. E as pulseiras de ouro brilhavam contra a claridade do sol da manhã. Era Clarice, a diretora.
- Pena que não trouxe a minha digital. A gente poderia filmar a cena e exibir no painel eletrônico do colégio. Que tal o título: As Gladiadoras?
As copeiras baixaram os olhos, envergonhadas.
- Na minha sala agora! As duas! – determinou Clarice.
Virou-lhe as costas e saiu elegantemente pelo corredor. O vestido de seda tremulando com a cadência dos passos. Quando se viu distante do vestiário, uma risada escapou de seus lábios.
- Era só esta que faltava!
Ainda estava rindo quando encontrou o renomado professor.
- Que felicidade é esta, Clarice?
- Felício, você precisava ver. Dulcinéia e Sabrina brigando, rolando no chão. Pareciam duas bêbadas.
O prof. Galvão caiu na risada também. Depois concluiu:
- A coisa não pode ficar assim. Vamos ter uma conversa com elas!
No vestiário as duas se recompunham, evitando se olharem. Sabrina reclamou.
- Pensei que você fosse minha amiga. Fazer aquele bobalhão do Wenderson achar que eu... você sabe que sou casada.
- Desculpe, Sabrina! Vacilei! Eu só queria que o bobão me ajudasse a me vingar daquela branquela, a tal da Andie.
- E agora vamos ser demitidas! Você não pensa no que faz!
- Meu Deus, logo agora que eu e o Caio...
Interrompeu o que ia dizendo ao ver uma funcionária entrar no vestiário.
- O professor Galvão quer falar com vocês! Agora!
Uma Encomenda, uma Surpresa, um Susto, um Disparo... - São os ingredientes do EPISÓDIO 30. Não perca! E não perca também os contos do blog Na Ponta do Lápis