Tuesday, December 19, 2006

EPISÓDIO 29 - final

NO VESTIÁRIO - ainda na segunda-feira

Dulcinéia entrou no vestiário do colégio toda saltitante, alegre e feliz. E remexendo os cabelos negros, foi anunciando.
- Sabrina, tô namorando. Ontem fui à igreja com mamãe. Você nem vai acreditar! O pastor... sabe quem é o pastor? Caio, o motorista!
Falou desgovernadamente, sem parar.
- Sabrina, eu nem pude acreditar quando o vi ali no altar, não consegui me controlar. Tremia. No final, sabe o que aconteceu? Ele pediu mamãe permissão pra namorar comigo. Pediu permissão, como antigamente! Depois nós dois conversamos. Você sabe, a gente já se conhecia do ônibus. Já te contei que estava apaixonada por ele... Ah, Sabrina, como estou feliz!
- Está, é? E vai se casar logo?
- Sei lá! Tomara que sim! Quero um casamento igual ao das novelas! – disse, segurando as pontas da saia e dançando.
- Espero que seja nos próximos dez minutos!
- Como?
- É o que você ouviu. Daqui a 10 minutos você vai estar é morta, sua mentirosa!
Dulcinéia arregalou os olhos.
- O quê? Não entendi!
Sabrina partiu pra cima dela, que foi apanhada de surpresa, mas reagiu. As duas se atracaram, gritando, esperneando, puxando os cabelos, dando coices, derrubando coisas. A outra copeira apertava a garganta de Dulcinéia, que começou a tossir. A colega assustou e soltou-a. Dulcinéia, em vantagem, deu uma chave-de-braço em Sabrina até ela berrar de dor, mas subitamente parou de gritar e ficou imóvel, petrificada mesmo, olhando fixamente para a porta. Dulcinéia se apavorou.
- Meu Deus, matei Sabrina! Agora vou ter que fugir pro resto da vida!
Faz menção de correr, quando viu à porta uma mulher luxuosamente vestida, coberta de jóias, observando-as.
- Que divertido! Que gracinha...
A mulher começou a bater palmas freneticamente. E as pulseiras de ouro brilhavam contra a claridade do sol da manhã. Era Clarice, a diretora.
- Pena que não trouxe a minha digital. A gente poderia filmar a cena e exibir no painel eletrônico do colégio. Que tal o título: As Gladiadoras?
As copeiras baixaram os olhos, envergonhadas.
- Na minha sala agora! As duas! – determinou Clarice.
Virou-lhe as costas e saiu elegantemente pelo corredor. O vestido de seda tremulando com a cadência dos passos. Quando se viu distante do vestiário, uma risada escapou de seus lábios.
- Era só esta que faltava!
Ainda estava rindo quando encontrou o renomado professor.
- Que felicidade é esta, Clarice?
- Felício, você precisava ver. Dulcinéia e Sabrina brigando, rolando no chão. Pareciam duas bêbadas.
O prof. Galvão caiu na risada também. Depois concluiu:
- A coisa não pode ficar assim. Vamos ter uma conversa com elas!

No vestiário as duas se recompunham, evitando se olharem. Sabrina reclamou.
- Pensei que você fosse minha amiga. Fazer aquele bobalhão do Wenderson achar que eu... você sabe que sou casada.
- Desculpe, Sabrina! Vacilei! Eu só queria que o bobão me ajudasse a me vingar daquela branquela, a tal da Andie.
- E agora vamos ser demitidas! Você não pensa no que faz!
- Meu Deus, logo agora que eu e o Caio...
Interrompeu o que ia dizendo ao ver uma funcionária entrar no vestiário.
- O professor Galvão quer falar com vocês! Agora!

Uma Encomenda, uma Surpresa, um Susto, um Disparo... - São os ingredientes do EPISÓDIO 30. Não perca! E não perca também os contos do blog Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 29 - 3ª parte

OS FATOS AQUI NARRADOS ACONTECERAM NA SEGUNDA-FEIRA, NO COLÉGIO, UM DIA APÓS À IDA DE DULCINÉIA À IGREJA.

WENDERSON E SABRINA - que situação!
Sorte de Dulcinéia não ter ido ao shopping naquele dia. A colega estava uma arara com ela. Dulcinéia acabou envolvendo Sabrina numa situação embaraçosa com o porteiro namorador.
Bem, vou contar como as coisas aconteceram.
Certo dia, ao chegar no colégio, Sabrina foi saudada pelo porteiro:
- Hi, baby!
- Hi! How are you?
Ela perguntou, feliz por encontrar alguém com quem pudesse praticar o inglês.
O porteiro gaguejou e não disse mais nada. Limitou-se a olhar Sabrina meio sem graça.
Ela continuou o caminho. Mas nos dias seguintes percebeu que o rapaz procurava chamar a sua atenção, tentando se aproximar, puxando conversa.
Intrigada, ela resolveu esclarecer as coisas.
- Tudo bem, Wenderson?
- Só... – respondeu, mascando chiclete.
- Como? .
- Beleza, gata! E aí? Que tá rolando?
- Você está fazendo inglês também? Tem bolsa?
Perguntou, referindo-se ao curso de inglês que o colégio oferecia aos funcionários.
- Qual é, gata! Minha praia é outra. Odeio americano. Dobrar a língua... nem!
Sabrina percebeu que seria impossível conversar com o rapaz e foi direto ao assunto.
- Você falou comigo em inglês!
- O lance é o seguinte: eu estava querendo chegar junto, sacou?
- Chegar junto?
- A Dulce não te deu um toque?
- Toque?
- Xi! Seguinte bro: fiquei afinzão de você e a Dulce prometeu dar uma força!
- O quê?
- Um dia ela me pediu para impedir a lourinha, a Andie, de entrar no colégio. Disse a ela que não podia fazer isto.
- Ela é amiga de Tina, a filha do homem, falei. Tô fora!
- Já saquei que você está a fim da Sabrina! Posso dar uma força! Ela não é muito exigente!
- Tá me tirando, gata? – perguntei.
- Foi vacilo! Eu quis dizer que posso dar um toque nela?
O rapaz falava imitando a voz de Dulcinéia e gesticulando mais que garoto de propaganda de casa de móveis.
Sabrina não quis ouvir mais nada. Saiu furiosa dali, louca pra encontrar a colega. Ela já havia ido embora. Então Sabrina telefonou convidando-a para irem ao Galeria no domingo. Ela nem imaginava o Sabrina estava tramando...
Continua no EPISÓDIO 29 - final
Enquanto isso, no meu blog de contos Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 29 - 2ª parte

DULCINÉIA - na igreja
Dulcinéia entrou no templo de cara amarrada. Fazia tempos que não aparecia por ali e achou tudo diferente. Não cumprimentou ninguém e procurou passar despercebida. Sentou-se emburrada, mas acabou fechando os olhos e sua mente começou a divagar pelo tempo em que era assídua aos cultos.
De repente os primeiros acordes do piano começaram a encher a nave. Ela permaneceu de olhos fechados. Automaticamente se ajoelhou e uma emoção indefinida foi invadindo o seu íntimo, trazendo-lhe uma paz que não imaginava encontrar. Sentiu vontade de cantar, mas se conteve porque toda a congregação permanecia em silêncio.
O som do piano foi aos poucos diminuindo até se tornar quase inaudível. Mesmo assim ela não abriu os olhos, quando, ainda de joelhos, ouviu uma voz com um leve sotaque, anunciar:
- Eu saúdo a igreja com a paz do Nosso Senhor Jesus Cristo!
Surpresa ao ouvir a voz, ela abriu os olhos. No púlpito, estava Caio, o motorista, com a Bíblia aberta. Ele fitava a congregação com um sorriso luminoso na face.
Dulcinéia, atônita, sentou-se apressadamente e escondeu o rosto no ombro da mãe. Começou a tremer. Dona Maria Porém sentiu lágrimas quentes pingando em seu braço. Cutucou levemente a filha e sussurrou:
- Tá chorando? Que foi?
- Mamãe, posso ir lá fora um pouquinho?
- Está sentindo alguma coisa?
- Não, mamãe!
- Vai! Não demore!

Era de praxe os fiéis não se levantaram dos bancos antes que o pastor atravessasse toda a igreja e se posicionasse à porta, à espera dos cumprimentos. Nesse dia não foi diferente. Ao encerrar o culto, Caio se dirigiu lentamente para a saída, com aquele mesmo sorriso nos lábios. Assim que ele parou na entrada, as pessoas começaram a se levantar. Dulcinéia não teve coragem de deixar o banco.
- Mamãe, vamos ficar aqui mais um pouquinho!
- Você é engraçada! Não queria vir. Agora não quer sair!
- Só mais um pouquinho, mamãe!
- Que aconteceu? Você está tremendo, menina!
Ela não respondeu. Limitou-se a fechar os olhos. A voz da mãe despertou-a.
- Todo mundo já saiu!
Dulcinéia não teve escolha. Levantou-se e saiu atrás da mãe, segurando o vestido dela, como se fosse uma criança procurando proteção. Caio ainda permanecia à porta, esperando-as. Quando as duas se aproximaram, ele sorriu mais. A felicidade era visível em seu rosto. Dulcinéia esbarrou num banco ao ouvir o som de sua voz.
- Dona Maria, trouxe uma visitante! Que Deus a abençoe! Que bom que veio, Dulcinéia!
Disse, apertando-lhe a mão com vigor.
- Igualm... – não conseguiu completar a palavra e trêmula, apoiou-se no banco.
Caio se dirigiu à dona Maria Porém.
- Gostaria de falar com a senhora a sós, posso?
- Pois não, pastor! Minha filha, espere só um minutinho!
CONTINUA na 3ª parte
Veja o diálogo que se travou entre WENDERSON (ele apareceu no Epis. 19-O SUBORNO) e SABRINA, na 3ª parte deste Episódio.
A foto é de uma igreja localizada num povoado gaúcho, gentilmente cedido por uma amiga.

EPISÓDIO 29 - 1ª parte

AINDA NO DOMINGO DA CONVERSA DE TINA COM PENHA

FELÍCIO GALVÃO - a surpresa
O interfone soou na cozinha. Felício Galvão atendeu e o porteiro anunciou.
- Professor, tem uma senhora alta, falando um português com sotaque, querendo falar com o senhor!
- Deixe-a subir!
Logo o professor abriu a porta do apartamento e apareceu na soleira uma mulher de olhos azuis infinitos, corpo esculural, apoiada numa bengala. Felício Galvão não conteve a alegria e correu para abraçá-la.
- Minha madrinha, a condessa Flora di Garmingnon, aqui, no Brasil? Meu Deus, não acredito que veio me visitar!
A mulher soltou uma máscula gargalha e abraçou-o. Depois, gesticulando muito e andando e mancando, entrou, falando em italiano.
- Felício, quanto tempo, querido! Deixe-me vê-lo... cortou o cabelo, mais jovem, mais bonito, já sei... está apaixonado! Eu sinto! Quem é ela?
- Madrinha, prometa guardar segredo. – disse em alemão. – O nome dela é Andie von der Ghlantèe!
O nome soou na sala como o efeito de uma explosão. A condessa largou abruptamente a bengala e perdeu o equilíbrio. Felício Galvão teve que correr para ampará-la.

DULCINÉIA E DONA MARIA PORÉM
- Onde você pensa que vai de minissaia e essa blusa mostrando o corpo?
- Ao shopping com Sabrina.
- Você vai é à igreja comigo. Coloque uma roupa mais decente. Estamos atrasadas!
- A senhora está atrasada, mamãe!
- Não discuta, Dulcinéia! Faça o que estou mandando!
- Mamãe...
- Rápido senão perdemos a abertura do culto. Esqueceu de como você chegou aqui na sexta-feira? Em lágrimas?
Dulcinéia recordou o episódio em que o Professor Galvão pediu a ela para sair mais cedo e assim ela acabou perdendo o ônibus do Caio, o motorista por quem está apaixonada.
- Não vou, mamãe!
- Dulcinéia, não é porque você tem 25 anos que vai me desobedecer!
- 23!
- Vale a certidão! O tonto do seu pai errou a data do seu nascimento ao registrar você!
- Tonto mesmo! De cachaça. Encheu a cara no dia. Agora estou uma velha de 25 anos.
- Velha? – dona Maria Porém cai na gargalha. – Vamos logo!
- Tá bom, mamãe!
Ela sai pisando alto e resmungando.
- Não é à-toa que o nome da senhora é Maria Porém. É sempre do contra!
Continua no EPISÓDIO 29 - 2ª parte
E na Ponta do Lápis uma historinha infantil pra você.

Wednesday, December 13, 2006

EPISÓDIO 28

OS FATOS A SEGUIR ACONTECERAM NO DOMINGO, DOIS DIAS DEPOIS DO SEQÜESTRO.

PENHA - a cozinheira do Ministro
- Você tem que me emprestar R$ 2.000,00!
- Tina, onde vou arranjar esse dinheiro? – pergunta Penha.
- Fiz um negócio e me dei mal. Mamãe tá me apertando. Tem que comprar passagem pra ir ao casamento do advogado Fausto.
- Como entro na história? Mas peraí, porque cortou aquele cabelo tão bonito, menina?
- Esqueça meu cabelo! Papai viajou, não deixou dinheiro. E ainda por cima, levou o cartão de mamãe por engano. Esqueceu o dele. Minha mesada acabou.
- Devia ter pensado nisso quando fez o negócio!
Tina se enfurece.
- Você é muito arrogante! Sabe que eu poderia dispensá-la?
- É? E quem vai fazer sanduíches pra você?
- Me viro! Empregada é que não falta!
- Tina, você gosta de humilhar os outros!
- Tô humilhando? Preciso de dois mil e você não quer emprestar!
- Menina, onde uma empregada, como eu, com filhos, vai ter dois mil reais?
Tina vê no jardim duas crianças brincando com o seu irmão Pedro Henrique - os filhos da cozinheira, que estão sempre por lá.
- Então você não tem o dinheiro!
- Quer saber, dá licença. Tenho que “cozinhar!”
- Você me paga! Vou arranjar outra melhor que você!
- Pago pra ver!
- Paga? Você não tem nem onde cair morta!
Penha vira-lhe as costas. Percebe-se que a colher-de-pau treme em sua mão. Tina vai à geladeira pegar suco e vê lágrimas escorrendo pela sua face.
- Vai chorar agora? Eu é que devia chorar!
- Me deixe em paz!- pede e cai em prantos.
Tina por um momento deixa a arrogância de lado.
- Tá chorando mesmo! Que foi que eu fiz, meu Deus?
- Nada. Eu é que sou errada! – fala Penha entre soluços. – Sou errada porque nasci pobre, sou cozinheira, não tenho dinheiro pra te emprestar. Oh Deus! – e chora mais ainda.
Tina conhece Penha desde pequena. Nunca a tinha visto chorar. De repente ela abraça a cozinheira.
- Desculpe, Penha!
- Eu é que sou errada porque tenho que tratar de dois filhos, trabalhar aqui pra recolher as migalhas que caem da sua mesa e receber um mísero salário. Sabe aquela crosta de pizza que vocês não comem? Levo pros meus filhos. Os talos das verduras? Levo pra fazer sopa pros meus filhos. A casca de abóbora, a casca de ovo, o suco que sua mãe manda jogar fora, levo pros meus filhos. Os farelos de biscoitos que ficam na vasilha? Levo pros meus filhos. E graças a Deus, meu marido também trabalha. A vida não é fácil, menina! Nem todo mundo é rico!
Tina, ouvindo a aquilo, começa a chorar também.
- Penha, entrei numa roubada. Você sabe como são meus pais. Se mamãe descobrir... do jeito que ela é doida...
- Que foi que você fez, menina? – pergunta, enxugando as lágrimas.
- Não posso dizer! - e soluça baixinho.
Nesse momento, entram na cozinha, junto com Pedro Henrique, duas crianças robustas e coradas, de quatro e cinco anos. Os filhos de Penha. Quando vêem Tina, correm para abraçá-la.
- Tina!!!
Apertam-na com força e percebem que ela está chorando.
- Mamãe, Tina tá chorando...
A mãe, disfarçando para que eles não vejam as suas lágrimas também, vira o rosto, mantendo firme a voz.
- Não liga, filhos! Tina é igual a um bebê. Quando tá com fome, chora.! Não viram que ela tá aqui querendo lanchar?
- Verdade, Tina?
- É...
Tina mal conseguiu falar. Deixa as crianças e sobe correndo as escadas. Quando já está entrando no quarto, ouve uma voz gritando lá de baixo:
- Tina foi tosquiada!!!
Pedro Henrique, o irmãozinho, ainda não esqueceu do que viu no dia seguinte ao seqüestro.
F I M
E Dulcinéia está de volta no próximo Episódio, fazendo coisas que somente ela é capaz...
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Na Ponta do Lápis

Tuesday, December 12, 2006

EPISÓDIO 27 - final

DEPOIS DA MORTE DO ALEMÃO NO GALERIA, JÚLIA RESOLVE PASSAR POR UMA TRANSFORMAÇÃO RADICAL NA SUA APARÊNCIA, mas atencão: se você não leu a 1ª parte do Episódio, não adiantar ler o final.

NO SALAO DA JÔ
O rapaz de colares até a cintura e foz naturalmente afetada estava escornado na cadeira, ameaçando desmaiar. Jô abanava-o com uma capa de revista.
- Serginho... menina, calma! Calma!, já disse, vamos parar com isso!
- Jô, não consigo, aquela caloteira...
- Serginho... menina... pela última vez! – Jô colocou as mãos na cintura imitando-o. - Você queria que o bairro inteiro ouvisse o escândalo, o choreiro? A coitada berrando, envergonhada?
- Não, Jô, mas levamos um calote! Detesto mulher, quer dizer, detesto pobre!
- Você mesma viu a bolsa, Serginho, cortada de gilete! Levaram todo o dinheiro dela. A coitado foi assaltada! Como a gente ia cobrar?
- Mas Jô... – o rapaz revirava os olhos, abanando-se com um leque japonês, enquanto Jô abria novamente as portas do salão.
- Acabou! “Agora a Inês é morta!” Não vamos ficar mais pobres por causa de um pouco de tinta... Nessa altura, a coitada deve estar cansada de tanto andar, arrastando a sandália arrebentada. Não tinha dinheiro nem pra pegar o ônibus!

Engano seu, Jô! Após se olhar no espelho e ver o resultado da tintura, o que a deixou bastante satisfeita, Júlia botou em ação o seu plano de vítima de assalto, aquela velha história do marginal cortar a bolsa e levar todo o dinheiro...
NA CLÍNICA
O oftalmologista, ansioso, quis saber:
- E aí?
- E aí? Veja!
A secretária exibiu pra ele uma nota de um dólar, xingando:
- Aquela bandida! Depois que saiu daí de dentro com a receita, abriu a bolsa, pegou o maço de dólares e me disse:
“- Querida, essa nota é pra você. Dizem que andar com um dólar na bolsa dá sorte. Não acredito nisso! Prefiro andar com muitos, como você mesma pode ver. Fique com esta! Infelizmente só tenho uma. Se eu voltar aqui, dou um jeito de trazer outra para o doutor, afinal, ele mereceu!”
A raiva do oftalmologista tornou-se visível. A secretária continuou contando:
- A doida me entregou esse dólar, levantou e saiu. Ao chegar na porta, apontou pra mim e deu uma gargalhada. Uma mãe ia entrando com uma criança nos braços. O menino levou um susto e abriu a boca num berreiro...
O oftalmologista espumava de raiva. A secretária finalizou, parecendo agora meio assustada:
- Sei não, doutor, mas acho até que vi uma arma na bolsa dela!
NA ÓPTICA
(2 dias depois)
O balconista, morrendo de medo da bronca, chegou na porta de uma pequena sala que servia de escritório e disse ao patrão:
- O banco recusou as notas de 100 reais que fui depositar! Todas falsas! Levamos um calote!
- Você levou! – disse o patrão. – Será descontado no seu salário!
O rapaz arregalou os olhos. Depois constatou:
- A única pessoa que me pagou com notas de 100, foi aquela mulher que comprou as lentes verdes....
- Sei! Uma mulher elegante, educada... Quem poderia imaginar. Parecia uma ricaça!
- Uma golpista, isto sim! Deve estar por aí, rindo de mim! Ah! se eu pego ela...
E no Episódio 28, volta em cena Penha - a cozinheira do Ministro, e creTina, quer dizer, Tina.
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