Sunday, April 15, 2007

EPISÓDIO 39 - final

SONHO DOURADO
– final
- Me atrasei. O avião fez um pouso de emergência nas Ilhas Canárias. Ameaça de bomba. Mas cheguei a tempo de participar do casamento do meu filho. Onde está o noivo?
- Aqui. – a condessa aponta para o garçom.
A elegante senhora retruca com polidez.
- Desculpe, este não é o meu filho. Não é aqui que mora o advogado Fausto?
Fausto ouve a voz quase junto de si. Instintivamente se volta e vê a mãe. Ao reconhecê-lo, ela recua, lívida de surpresa.
- Meu Deus! Não! Não foi este o filho que criei. Não!
A mãe sai cambaleando. Fausto corre atrás dela, arrastando o vestido. A mãe estremece. Leva as mãos ao peito. Fica imóvel. Sem que haja tempo de ampará-la, desliza para o chão.
A surpresa invade as fisionomias.
Ela permanece estirada no chão. Ninguém sabe como agir. De repente uma voz pausada rompe todo aquele silêncio embaraçador.
- Eu sou médico! Vou examinar esta senhora!
A admiração invade as fisionomias. Há incredulidade na pergunta.
- Você?
- Um médico, trabalhando como garçom?
- Os tempos estão difíceis. Os convênios pagam pouco.
Diz isto examinando o pulso da mãe de Fausto. Depois se curva e ausculta o coração. Fica algum tempo assim. Instantes depois, levanta e anuncia quase que indiferente.
- Nada mais pode ser feito. Esta senhora está morta!
A agitação toma conta dos convidados, que começam a falar desordenadamente. Selma recua. Carlo foge. Clarice aperta com forca o braço de Felício e permanecem no mesmo lugar, atônitos.
Flora di Garmingnon e Júlia murmuram:
- Que tragédia!
E discretamente, deixam o local. Em poucos instantes só restam Clarice e Felício na cobertura do advogado Fausto, que permanece imóvel, sem ação, sem fazer nada. Entretanto, segundos depois, ele se atira ao chão, gritando:
- Mamãe!... mamãe!...
Instantaneamente clarões iluminam toda a cobertura, como se fossem relâmpagos. Fotógrafos e repórteres rompem por todo o jardim: máquinas em punhos, disparando flashes, atropelando uns aos outros, falando alto, falando em outras línguas, correndo. Todos querendo captar o melhor ângulo.
EM BUDAPEST
Alguém atende ao telefone e sonoras gargalhadas se espalham por todo o apartamento. Depois, esse alguém corre para o computador. E vê em tempo real, as fotos de Fausto vestido de noiva e a mãe morta ao lado. Em seguida, sem desviar os olhos da tela, fala calmamente. Sua voz soa carregada de ódio:
- Viu no que no que dá mexer com o poderoso Pássaro, seu advogadozinho?
No Episódio 40...
Dona Maria Porém vai deixar todo mundo de queixo caído, fazendo revelações altamente comprometedoras. Não percam!!!
E brevemente...
Um histórico de infância nem sempre triste, nem sempre alegre, narrado por um idoso, numa trajetória desde a 2ª Guerra Mundial, passando pela Ditadura, até os dias de hoje, quando o progresso avança, transformando vidas. E na própria voz da criança peralta que foi, ficamos sabendo: “Tudo mudou... só as lembranças permanecem intocáveis”.
- DIÁRIO DE UM PERALTA no blog Na Ponta do Lápis

5 Comments:

At 10:24 AM, Blogger Tyr Quentalë said...

Pelos deuses. A pobre mãe do Fausto morreu estatelada no chão depois de um infarto fulminante e convenientemente todos os culpados pela história sumiram de fininho. Quão conveniente foi os milhares de fotógrafos aparecerem do nada para fazer a notícia se espalhar de forma rápida, acabando com a imagem do advogado, não?
MAS... Huuum... se o felício Galvão estava com a Cecília.. as minhas suspeitas dele ser o Pássaro foram por água abaixo... ARGH...

 
At 5:51 AM, Anonymous Anonymous said...

RUBO: Muito Bom!!!! Depois de muito tempo, ainda encontro alguém lendo os Episódios iniciais de Dulcinéia. Vejam o que diz NERITO do blog http://oguardiao.blogspot.com

Epis. l
Eu já havia lido este primeiro episódio mas na época não havia tirado tempo para comentá-lo. Desculpe. Sua narrativa é realmente muito boa. Procurarei acompanhá-la.

Epis. 2
Muito bom! Vou adiante para continuar esta leitura interessante...

Epis. 3
Até eu fiquei encantado com a Andie (ah se a minha namorada descobre!)
E olha que nem gosto muito de louras!
Mas a forma como você a colocou novamente na narrativa foi bem dinâmica. Legal!

Epis. 4
Quem é ela? do Sul... Globo... Puxa, adorei este episódio.
Epis. 5
“Puxa, se não se importar de ir comentando, achei interessantíssima essa confusão armada... E ter parado no meio da narrativa faz a gente correr pro próximo episódio pra descobrir logo o que aconteceu...”

 
At 8:56 AM, Blogger Rosinha said...

Oi, Rubo, saudades de vc, passei pra lhe sentir. Xero.

 
At 11:34 AM, Anonymous Anonymous said...

Olá Rubo, td bem? Nossa, estava três episódios atrasado! Ando trabalhando demais, hehehe! E esse casamento, hein? O advogado Fausto tinha alguma relação com o Pássaro? Estou pensando cá com meus botões, mas ainda não arrisco nenhum palpite! Hehehe... Um abraço!

 
At 6:37 AM, Blogger Marco said...

Caraco... Uma morte em pleno casamento. Se isso não for mau agouro, nem sei o que possa ser. Mas, grande Rubo, é um belíssimo toque de conflito dramático. Muito bom. Vamos adiante. Carpe Diem.

 

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