Saturday, July 28, 2007

CONTINUE LENDO DULCINÉIA

Agora você deverá ler a minissérie Dulcinéia no seguinte endereço
Clique em novelas e divirta-se
IMPORTNATE: No Autores.com, condensei alguns episódios. O Epis. 47 aqui corresponde ao 41 lá. Portanto, você deverá ler a partir do Epis. 42, ok?

Monday, June 04, 2007

EPISÓDIO 47 - final

ENFRENTANDO A VIDA
Felício Galvão se levanta cambaleando, apoiando-se nos móveis, chega até a janela do quarto. Afasta as cortinas. Seus olhos se perdem na paisagem de concreto. Depois se volta e procura o celular. Encontra-o caído ao lado do criado. Começa acionar o teclado. A figura da lourinha, aquela que Wenderson fez quando ela alçou o véu sobre a cabeça, fugindo do grupo de chineses na portaria do colégio, aparece. O dedo polegar do professor pressiona uma tecla. Passados alguns instante uma voz se soa na sala.
- Alô!
A surpresa invade as fisionomias. A voz continua repetindo alô. Felício Galvão arregala os olhos. Dulcinéia recua. Sua mãe não entende o que está acontecendo. A voz, vendo que ninguém responde, silencia.
Há incredulidade por todo o quarto. Dulcinéia rompe o silencio, pedindo.
- Dê aqui o celular, professor!
Ele obedece. A copeira aciona novamente o número e mais uma vez se ouve no quarto.
- Alô!
Dulcinéia recua, apavorada. Depois tentando se controlar, fala, atropelando as palavras.
- Quem está falando?
- Andie! Quem e?
- A copeira do colégio Magnata!
- Dulcinéia...
- É Andie mesmo? Menina, você não está morta?
- Como morta, se estou falando com você!
- O acidente...
- Foi um engano, Dulcinéia. Foi sorte! Estava no aeroporto esperando um outro vôo, quando uma amiga chegou e me convidou para ir a Bertioga. Estou aqui...
- Inconseqüente!
- Vai começar a me xingar agora? Não entendo sua implicância...
- Fique sabendo que por sua causa, alguém quase morreu!
- Quem?
- O professor Galvão. Estamos no apartamento dele... O professor está doente há quatro dias por sua causa!
- Desculpe, eu não sabia...
- Vê se pode reparar o seu mal feito. Fale com ele!
- Dulcinéia, nessa altura...
- Nessa altura, todo mundo pensa que você morreu num acidente aéreo. Até sua amiga, a creTina, quer dizer, Tina.
- Meu Deus...
- Fale com o professor, Andie!
Pela primeira vez, Dulcinéia não sente raiva da lourinha. Entrega o celular ao professor, que o segura com mão trêmula. Mãe e filha deixam o apartamento silenciosamente, no exato momento em Felício Galvão começa a falar, inexplicavelmente agora revestido de uma jovialidade que preenche todo o ambiente.

E no meu blog de contos/crônicas Na Ponta do Lápis, o último capítulo de DIÁRIO DE UM PERALTA

EPISÓDIO 47 - 2ª parte

O MILAGRE
Dulcinéia nunca esteve ali. Fica admirada com a bagunça do apartamento, o cheiro vindo do interior do ambiente fechado, cheiro de coisas sujas e mofo. Mesmo assim avança na penumbra e chega no quarto. Tamanha é a surpresa quando vê inerte na cama, como se estivesse morto, o professor mais popular e mais querido do colégio. Ela sente vontade de chorar, mas vira-se e vê a mãe atrás de si com os olhos arregalados, tremendo, apoiando-se num móvel.
Dulcinéia se alarma:
- Mamãe, tá passando mal?
A voz da filha faz dona Maria Porém cair em si. Ela dá alguns passos na direção do leito, sem despregar os olhos do professor barbudo, pálido, cabelos despenteados, imóvel, como se estivesse morto. Aproxima-se e não consegue conter a exclamação que foge da boca:
- Mirtes!!!
Dulcinéia abraça-a
- Mamãe!!!
Maria Porém avança mais. E trêmula, ergue as mãos sobre o professor. Todo o seu corpo é sacudido por uma convulsão.
- Meu Deus!!! Mirtes! Meu Deus... não! Estou sonhando!
Em sua mente passa em flasch a última coisa que a amiga disse no leito de morte “... Mariinha, salve o meu filho...”
Mais uma vez a voz de Dulcinéia desperta-a
- Mamãe. Que aconteceu!
- É ele, minha filha, o filho de Mirtes. Eu sinto! Oh, meu Senhor!
- Mamãe, tem certeza?
- Os olhos, os cabelos.... é ele! Oh! Senhor, glórias Te rendo, glórias Te dou. Oh meu Senhor, toque nessa alma que sofre! Resgate-a para Sua honra, para que o Seu nome seja glorificado! Em nome de Jesus, toque essa alma, Senhor!
Dulcinéia, emocionada, acaba falando coisas que a mãe jamais gostaria de ouvir.
- Mamãe, encontrou a sua amiga. Vamos orar por ela...
- Minha filha, não fale bobagens! Mirtes está morta! Pelos mortos não podemos fazer nada. Por ele sim... Vamos orar por ele!
Diz isso erguendo as mãos sobre o corpo do professor e se ajoelhando. Dulcinéia faz o mesmo. Ficam as duas por longo tempo assim, imóveis. Em seguida, dona Maria Porém começa a orar em voz alta, dando glórias, aleluias, invocando a cura em nome de Jesus. Sente todo o corpo revestido de um poder sobrenatural. E uma imediata resposta às suas orações chega... Inesperadamente, Felício Galvão se mexe na cama. Um gemido sai de seus lábios.
- Que foi...
- Oh Glórias, Senhor!!! Louvado seja o Teu nome! – profere Maria Porém.
O professor vira-se na cama, abre os olhos e reconhece a copeira.
- Dulcinéia...
- Professor, meus Deus! Levanta dessa cama, professor!
- Que aconteceu?
- Professor, estamos aqui, eu e minha mãe. Levanta dessa cama!
- O acidente...
- Esqueça, professor. Estamos aqui. Eu e minha mãe. A diretora Clarice quer falar com o senhor. Levanta, tome um banho. A vida continua.
Dona Maria Porém não diz mais nada. Permanece calada. Lágrimas de agradecimento banham o seu rosto. Ela sabe que o Senhor é poderoso o bastante e já operou o milagre naquela vida.
Continua...
Veja que o prof. Galvão fez... Não perca o final do Episódio.

E acesse o meu blog de contos/crônicas Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 47 - 1ª parte

CLARICE - o pedido
- Dulcinéia, quero falar com você. Vamos à minha sala!
- Ai, professora Clarice, não fiz nada!
- Dulcinéia, como você consegue andar?
- Eu fiz curso de postura. Agora estou fazendo teatro. – responde envaidecida e dá um passo à frente, girando o corpo. Faz um gesto com o braço direito e sorri adoravelmente. A diretora argumenta:
- Não estou interessada na sua performance. Falo da sua consciência pesada. Você sempre acha que fez alguma coisa errada.
A copeira sente vontade de esganar Clarice. Mesmo assim, encolhe as garras.
Depois de conversar longamente com Dulcinéia, Clarice consegue convencê-la a ir ao hotel onde mora o professor Galvão. Faz mais de dois dias que ele não aparece na escola.

NA RECEPÇÃO DO HOTEL
- Pela entrada de serviços, senhoras, por favor!
- Nós não estamos a serviço, seu mal-educado! Vê se te enxerga!
Dona Maria Porém dá um beliscão no braço da filha.
- Cala a boca, menina!
Elas sobem pelo elevador panorâmico, de onde tem uma belíssima vista da cidade. Quando descem no corredor e chegam na porta do apartamento, ficam indecisas, sem saber como entrar, mas arriscam girar a maçaneta e para surpresa, a porta está aberta.

Vejam na 2ª parte do Episódio 47 o que as duas presenciaram no quarto do professor.

Sunday, April 22, 2007

EPISÓDIO 46

A NOTÍCIA
Depois de desligar a TV, da varanda de seu quarto,Tina avistou a mãe à beira da piscina. Desceu e foi ao encontro dela.
- Mamãe, uma notícia chocante. Um acidente aéreo... Andie estava no vôo. Ela morreu!
- Minha filha, os princípios da vida são os seguintes: nascer, viver e morrer.
- Como a senhora é fútil, mamãe! Andie era a minha melhor amiga!
- Sutil? Eu?
- Sutil é que a sra não é mesmo!
- Guria atrevida, vou te mandar pra fonoaudióloga. Esse aparelho está atrapalhando a sua dicção.
Chateada, Tina se encaminhou para dentro, anunciando:
- Mamãe, vou sair de casa!
- Agora?
- Mamãe, eu disse que vou me mudar daqui!
- Tina, espera seu pai chegar, espera seu pai voltar de viagem, menina!
Tina percebeu que é impossível conversar com Júlia. Sai dali, aborrecida. No jardim, encontra com os filhos de Penha, que correm para ela.
- Tina! – e abraçam suas pernas. Depois, olhando pra cima, perguntam.
- Você tá com fome, Tina?
- Fome?
- Mamãe disse que você é igual neném! Chora quando tá com fome!
Tina deixa as crianças e sai em direção da cozinha. Quando vê a cozinheira, quase nem consegue falar.
- Penha, Andie morreu num acidente aéreo!
- Meu Deus! Aquela lourinha?
- Sim! – e começa a chorar novamente.
- Senta aqui, Tina! Vou preparar um chá. Vai se sentir melhor!
Leia o meu blog de contos Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 45 - final

O ACIDENTE
- final
Felício Galvão sentiu como se uma descarga elétrica tivesse subido por todo o seu corpo e foi sacudido por uma convulsão que quase o atirou fora da cadeira. A consciência fugiu e a TV a sua frente pareceu um vulto negro. Não saberia dizer por quanto tempo ficou ali, apagado, mas a voz do repórter trouxe-o de volta à realidade.
“- repetindo a lista de passageiros: Andie von der Ghlantèe, Berenice....
Felício gritou, pulando da cadeira:
- Não!!! Andie, não!!! Andie???!!! Meu Deus!!!
Avançou pela porta e saiu correndo pelo corredor. Dulcinéia ia saindo de uma outra sala e presenciou tudo. Ficou assustada, sem entender. E quando viu-o arrancando o jaleco branco, jogando no corredor e entrando no carro apressadamente, pensou:
- Meu Jesus! O que aconteceu?
Felício Galvão saiu cantando pneus, lágrimas escorrendo pela face. Não via nada pela frente. Nem ouvia a própria voz que gritava:
- Andie!!! Andie!!! Que vou fazer sem você! Oh! Meu Deus, também quero morrer! Oh! Senhor!
E chorava descontroladamente.
Depois de dirigir por longo tempo, sem saber o que fazia, parou o carro numa rodovia movimentada, à beira de um precipício, de onde se via uma cadeia de montanhas cobertas por uma ligeira camada de neblina. Ainda sem conseguir parar de chorar, desceu, dando murros no carro.
E através das lágrimas, vislumbrou a mãe, gorda e grisalha, usando um xale preto. Com a cabeça dele no colo, Pietra alisava os seus cabelos negros, quando algo o afligia, recomendando:
- Calma, figlio mio! Tutto passa! Tutto se risolve! Calma!
De pé, o pai. Imóvel. Como se estivesse numa moldura, observando-os, sem dizer absolutamente nada. No rosto, apenas um ar de consolo para o filho em desespero.
Felício Galvão sentiu algo oprimindo o seu peito a ponto de tirar-lhe a respiração, mesmo assim gritou alto, com todas as suas forças. O grito ecoou infinito pelo precipício:
- Andie!!! Andie!!! Que vou fazer sem você! Por que, meu Deus? Por quê?
F I M

Uma tragédia, não resta dúvida. Continue lendo e veja como Júlia e Tina reagiram a tudo isso no Episódio 46.
E nao deixe de ler o meu blog de contos Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 45 - 2ª parte

O ACIDENTE
2ª parte
A TV exibia imagens dramáticas do acidente. Uma nuvem negra de fumaça subia para o alto, acima das labaredas. O aeroporto foi interditado. As pessoas que transitavam pelo terraço panorâmico e que podiam ver a cena, estavam chocadas. Carros do Corpo de Bombeiros em vão tentavam controlar as chamas. Dezenas de ambulâncias chegavam ao local e iam estacionando. A nuvem de fumaça galgava cada vez mais as alturas.
“ – nenhum sobrevivente...!
Felício fechou os olhos e pensou nos pais – Pietra e Antonioni, morto num acidente de carro. Sentiu um aperto no coração.
Novamente a voz do repórter soou, despertando-o:
- “Atenção! Vamos fornecer os nomes dos passageiros que embarcaram em...
Hesitou um pouco, baixou as vistas como se estivesse lendo um papel e depois ergueu-as novamente, meio constrangido, pedindo desculpas.
“- Eis a lista de passageiros.”
Tornou a baixar as vistas. Parecia que tinha dificuldade em falar os nomes. Em seguida...
“ – Atenção para a lista de passageiros.. Andie... – hesitou novamente. – Desculpem. É um nome estrangeiro. Desculpem: Andie von der Ghlantèe... “

Vejam a reação de Felício Galvão diante desse dramático fato no Episódio 45 - final.
E no blog na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 45 - lª parte

Depois de um mergulho no passado do professor Felício Galvão, a minissérie retorna aos seus dias atuais, caminhando agora para a reta final.

O ACIDENTE
1ª parte
Felício Galvão estava concentrado num trabalho exaustivo quando a porta foi empurrada lentamente e pareceu Dulcinéia.
- Cafezinho, professor?
- É até bom! Vou fazer uma pausa aqui. Esse trabalho está me matando!
- Também o senhor quer fazer tudo sozinho!
- Quero esse pessoal falando português em 4 meses.
- Como?
- Os chineses. Imagina você que daquele grupo de 40 pessoas, só um deles fala português? Aquele que sempre usa blazer creme e camisa azul.
- Sei... um homem cabeludo, engraçado!
- Engraçado? – Felício ri. - Ele mesmo! É sino-brasileiro!
- Que isso, professor, tá me xingando?
Felício Galvão dá outra risada.
- Dulcinéia, só mesmo você pra me fazer rir agora. Sino-brasileiro... ele tem a nacionalidade chinesa e brasileira. E o pior é que não vai poder ficar com o grupo o tempo todo. É da Polícia Federal!
- Mas o que eles querem aqui?
- Dulcinéia, você precisa ler mais sobre economia. Os chineses estão invadindo o Brasil. Não vê produtos da China por todo lado? Vão montar uma mega-empresa aqui, incorporar diversas indústrias brasileiras com a chinesa.
- É bom que gera mais emprego.
- Visto por esse lado sim. Eu tenho que supervisionar esse curso diretamente. A multa por qualquer infração é altíssima. Eles terão aulas aqui a manhã toda e à tarde, passeios culturais pela cidade. Isto significa monitoramento 12h por dia.
- Professor, mudando de assunto... não sei se devo contar...
- Diga, Dulcinéia!
- Tô meio sem-graça...
- Diga logo!
- A pesTina, quer dizer, a aluna Tina, anda espalhando pelo colégio que o senhor está...
Felício Galvão aproveitou relutância da copeira e vira-lhe as costas, confirmando:
- Você sabe que ela está dizendo a verdade, Dulcinéia!
Diante da declaração, ela se encoraja.
- Professor, mas ela vai fazer o senhor sofrer! Eu sinto! Aquela lourinha...
Felício Galvão, sem encará-la, pede calmamente.
- Dulcinéia, por favor, me deixe sozinho!
Sem dizer mais nada, a copeira saiu de cabeça baixa. O professor Galvão pegou o controle remoto e ligou a TV. A notícia teria passado despercebida se o repórter não a tivesse dado com tanto sensacionalismo. Felício Galvão passou a prestar atenção.
- “Foi o maior acidente aéreo dos últimos tempos. O avião, com destino a Florianópolis, assim que iniciou o pouso... parece que houve problemas com o controle do tráfego aéreo e a aeronave chocou-se na pisca. Houve uma explosão...
- Que tragédia! – pensou Felício.
Continua...
Não perca a 2ª parte do Episódio. Uma pessoa muito importante sai definitivamente da trama, encerrando a sua participação sempre envolvida em mistérios.

EPISÓDIO 44

MAX – o irmão de Mirtes
Após a morte de Mirtes, uma tagédia se abateu sobre aquela família. Ana Lutz era uma mulher dinâmica, decidida, que gostava de resolver tudo sozinha. Passou a viver apenas com o filho na fazenda. Tinha como hobbye a pescaria. Um belo dia, pegou a sua canoa e saiu remando pelo canal, para praticar o seu esporte favorito. Foi a última vez que alguém deu notícias dela. Dizem que foi tragada por uma forte correnteza. Outros dizem que ela foi comida por uma sucuri, um “castigo” recebido por ser uma pessoa tão má. Não se sabe ao certo como foi a sua morte. Max acionou os Bombeiros, que passaram três dias vasculhando o canal e não encontraram nem mesmo a canoa.

Max, por sua vez, como único herdeiro, abusou da fortuna que não conquistara com o suor do rosto, mas tudo virou de pernas pra cima de uma hora para outra. Isto ele descobriu quando já era tarde demais. Perdeu tudo com mulheres, jogos e bebidas, a ponto até de mendigar pelas ruas. Houve uma transformação tão grande em sua vida que ninguém era capaz de reconhecer aquele rapaz robusto, de cabelos negros, musculoso, e que era obrigado a pegar firme no serviço de lavoura na época da mãe viva. (Sob as ordens de Anna, trabalhava igual a qualquer um dos empregados). A primeira besteira que fez foi lotear todas as fazendas e vendas lotes a preço de banana. Inclusive, é o responsável por uma das maiores favelas da cidade – a Favela da Luz, por ter feito o loteamento irregularmente, sem qualquer planejamento urbano, o que acabou sendo um aglomerado de becos sem saídas e sem infraestrutura.
Dizem que a bebida o transtornou a tal ponto, que ele distribuía lotes de terras até mesmo em troca de tragos pelos bares das redondezas. E aí entravam os aproveitadores. Max, sempre bêbado, era uma presa fácil. E o que saía do seu bolso era irresistivelmente atrativo.
Morreu desvalido, como se diz, sem nem um centavo. O caixão foi comprado pelo serviço social da prefeitura.
DIÁRIO DE UM PERALTA - no blog Na ponta do Lápis
E no próximo Episódio, a minissérie volta à atualidade com O ACIDENTE. Não percam!

EPISÓDIO 43

EIS A VERDADEIRA HISTÓRIA DA ADOÇÃO DE FELÍCIO GALVÃO PELO CASAL DE ITALIANOS

O PEQUENO FELÍCIO
Anna Lutz, a mãe de Mirtes, uma alemã viúva, racista ao extremo, não se conformava com o casamento da filha com um negro. O fato a desgostou tão profundamente que ela resolveu tomar medidas drásticas, como expulsar de casa a filha e deserdá-la, passando todos os bens para Max, o outro filho. Mirtes não deu importância a isso. Não queria fazendas. Queria o amor do seu caixeiro-viajante negro. E assim casou-se e foi viver com ele num bairro afastado, bem longe da mãe.
Viviam felizes, os dois, muito apaixonados, mas a felicidade durou pouco. Galvão foi acidentado e morreu na estrada, quando voltava de uma viagem. Mirtes já estava grávida, embora tivesse apenas três meses de casada.

Depois da morte de Galvão, Anna Lutz convidou-a para voltar para casa. Na realidade, ela já havia elaborado um plano para se livrar da criança. Quando o bebê nasceu, dois dias após ter recebido alta do hospital, Mirtes teve que ser internada às pressas. Estava com uma infecção. E o inevitável aconteceu. Ela veio a falecer em conseqüência disso. No dia do enterro, Anna entrou em contato com um casal de amigos na Itália – Pietra e Antonioni, os quais queriam adotar uma criança porque não conseguiam ter filhos.

Ela já havia combinado também com um diretor de maternidade, mediante pagamento de uma boa quantia, para que ele aceitasse a criança como se fosse rejeitada pela mãe. O diretor, tentado pela fortuna que recebera e mais ainda pelo que viria do casal italiano, aceitou de imediato a proposta. Logo após o enterro de Mirtes, Anna Lutz entregou o bebê ao diretor.

Como de costume, Antonioni e Pietra vinham ao Brasil uma vez por ano para visitar Anna. Esperançosos, sempre iam às maternidades, mas nunca decidiam. Desta vez, foram ao local certo. Viram o menino, uma criança linda, morena, cabelos cheios, olhos negros. Ficaram encantados com ele. Estavam cientes de que por trás de tudo havia a sujeira de uma pessoa cruel, que não aceitou a felicidade da filha. Mesmo assim, o casal decidiu levar o pequeno. Entretanto, um problema: Mirtes já o havia registrado. O que fazer então? O próprio diretor da maternidade ajeitou tudo para que embarcassem com o bebê sem problemas com as autoridades. E assim o levaram na clandestinidade para a Itália.
Leia DIÁRIO DE UM PERALTA - no blog Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 42

Maria Porém saiu do hospital e foi direto para a fazenda dos Lutz. Não sabia como, mas iria realizar o último desejo da amiga, criar o seu filho. Anna Lutz era o obstáculo.

A TENTATIVA
- Buscar o menino? Que menino, sua negrinha? Na casa da velha Guilhermina Prates não tem serviço não, pra você estar aqui a esta hora da tarde? Mirtes foi embora quando se casou com o negro. Nunca mais a vi!
- Mirtes morreu agora no hospital, no meu colo! Me pediu pra criar o menino! Não saio daqui sem levar ele!
Por um momento Anna Lutz sucumbiu. Seu lábio inferior tremeu e ela abaixou a arma. Depois, erguendo-a outra vez, voltou a encarar Maria Porém com ódio.
- Não sei do que você está falando. Some daqui agora, senão atiro!
E mirou a arma. Max desceu correndo da varanda e entrou entre as duas. Agarrou a mãe, implorando:
- Mãe, abaixe essa arma! Vai embora, Mariinha, pelo amor de Deus!
De cabeça baixa, ela saiu, atendendo o pedido de Max. Foi a última vez que Mariinha pisou naquelas terras. E como chegou à conclusão de que não poderia realizar o desejo de Mirtes, sentia no seu coração que falhara com a amiga no seu último instante de vida.
No Episódio 43 você vai conhecer a verdadeira história do prof. Felício Galvão.
Leia DIÁRIO DE UM PERALTA - no Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 41

... teve uma infecção por causa do parto. Foi internada às pressas e morreu. Coitada, queria tanto ter filhos! Estava tão feliz! Já tinha escolhido até o nome da criança... Felício... muito antes de ele nascer... A família era contra o casamento. Depois que ela morreu, sumiram com o menino. Não pude fazer nada... (Episódio 40)

M I R T E S
Maria Porém recorda o dia em que Mirtes foi internada às pressas. Logo que ficou sabendo da notícia, ela correu para o hospital. Ao vê-la, Mirtes sorriu debilmente. E já quase sem voz, chamou-a, acenando.
- Mariinha, coloca a minha cabeça no seu colo!
Assim Maria o fez. A amiga gostava de deitar no colo dela. Mirtes era uma alemã de cabelos longos e negros, nariz fino e olhos escuros que expressam claramente os sentimentos. E naquela momento, havia muita tristeza neles.
- Mirtes, você vai ficar boa! Ainda vamos tomar muita groselha geladinha...
- Não, Mariinha... sei que é o fim... eu sinto!
- Não fale, Mirtes. Descanse!
E Maria Porém começou a pentear os longos cabelos negros dela. Quando terminou de um lado, Mirtes virou a cabeça, de maneira que ficou de frente para um crucifixo preso na parede. Silenciosamente, a amiga continuou penteando os seus cabelos, quando a voz de Mirtes soou como se viesse de muito distante.
- Mariinha, como foi bom naquele dia em que você conheceu o Daniel, hein?. Você estava tão feliz! Ele gostou logo de você.
Houve um momento de descontração entre as duas. E Maria confessou.
- Branco daquele jeito, quando o vi entrando, pensei que era pra te namorar. Mas você já tinha o Carvão!
Mirtes riu debilmente e começou a tossir. Maria parou de pentear os seus cabelos e olhou o seu rosto. Estava muito pálido.
- Tá sentindo dores Mirtes, quer alguma coisa?
Mirtes demorou a responder. Depois de olhar ligeiramente para cima, para o rosto da amiga, voltou a olhar para o crucifixo, dizendo com voz débil.
- Mariinha.... o meu filho.... quero que você salve o meu filho!
Quis dizer mais alguma coisa. Não conseguiu. Maria Porém percebeu que ela olhava fixamente para o crucifixo. Percebeu também que os seus olhos se tornavam sem brilho e o corpo enrijecendo. Lentamente, a vida abandonava aquele corpo.
Cuidadosamente, ela retirou a cabeça de Mirtes do colo e deitou-a no travesseiro. Lágrimas silenciosas inundavam o seu rosto.
Leia DIÁRIO DE UM PERALTA - Na Ponta do Lápis

Saturday, April 21, 2007

EPISÓDIO 40 - final

EM FAMÍLIA
– Final
- Ai mamãe, que história triste! Pára! Conta mais... depois do matinê, vocês ficaram dando voltinhas na praça com o rapaz que queria encostar na senhora. E aí? – Dulcinéia ri.
Maria Porém deu um beliscão na filha e caiu na risada também.
- Não tem mais nada! Ficamos dando voltas na praça, ele comprou algodão doce pra nós. Sentamos. Ficamos olhando a fonte luminosa. Depois tomamos groselha geladinha, que era o refrigerante da época. Ficamos ouvindo as músicas do alto-falante. Ele passou música pra mim. Uma música assim:
- Sonhar contigo / por toda vida / sonhar contigo / Meu amor / minha querida /
Viver pensando / em ti somente / viver te amando / ser só teu eternamente /
- acho que era assim a música... e me pediu em namoro. Naquele momento... Naquele momento, eu já estava gostando dele!
- Nossa, mamãe!
- Sim! Foi o único homem da minha vida. O meu primeiro e único amor! Pena que era viciado em jogo e bebida. Descobri depois que casamos. Quando ele desapareceu e me deixou com filhos pequenos... você com um ano... disse a mim mesma que jamais outro homem tocaria o meu corpo.
- Oh mamãe...
- Minha filha, têm coisas que acontecem uma vez só. Comigo foi assim!
Dulcinéia pensou: - talvez o meu namoro com o Caio seja assim também - mas não disse nada. Limitou-se a perguntar:
- Como era o nome dele, mamãe?
- Daniel! Seu pai, menina!
Ao ouvir isso, Dulcinéia ergueu-se do colo da mãe e encarou-a. Em seguida sua voz soou profundamente sentida.
- Oh mamãe, como a senhora deve ter sofrido!
- Sofri, minha filha, mas Deus é poderoso! Me deu forças pra suportar o fardo! Daniel era o meu fardo, mas Deus não é homem para nos abandonar. E Nele encontrei forças para criar os meus filhos sozinha!

- Mamãe, uma coisa me chamou a atenção. A senhora disse que o marido de sua amiga se chamava Galvão e que o filho era Felício?
- Ela dizia que Felício lembrava felicidade.
- Galvão era sobrenome do marido dela?
- Era!
- Mamãe, a senhora acaba de me revelar uma coisa que eu nunca iria imaginar. Acho que sei onde está o filho de Mirtes!
- Ah Dulcinéia, lá vem você... Já te disse pra parar de ver novelas!
- Mamãe, é sério. É difícil de acreditar, mas esse Felício é o professor do colégio onde trabalho. Tenho certeza!
F I M
E dedico este Episódio ao Marco, do blog
Antigas Ternuras.
Um relato desde a 2ª Guerra Mundial. Leia DIÁRIO DE UM PERALTA - no blog Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 40 - 1ª parte

OUÇAM ESSA HISTÓRIA BOMBÁSTICA QUE DONA MARIA PORÉM CONTOU PRA DULCINÉIA...
EM FAMÍLIA
1ª parte
Uma das bonitas coisas que existia naquela casa era a intimidade das duas. A filha adorava ouvir as histórias da mãe, mesmo com a televisão ligada para ver as novelas. E nesse dia, com a cabeça de Dulcinéia no colo e alisando os seus cabelos negros, dona Maria Porém contava:
- ... éramos muito amigas. Eu trabalhava na casa de dona Guilhermina Prates e Mirtes era uma alemoa filha dos Lutz. A gente saía toda domingo pra matinê. Um dia conheci um rapaz. Foi assim: a gente estava no cinema, quando eu o vi pedindo licença. Pensei que ele queria sentar perto de Mirtes, mas o danado veio pro meu lado e sentou, encostando o braço no meu. Eu o empurrava, ele insistia...
Dulcinéia começou a rir.
- A senhora, hein...?
- Naquele tempo não tinha essa senvergonheira de hoje. Por isso é que eu empurrava o braço dele.
- E ele?
- Pensei que fosse um aproveitador, mas depois ele ficou quieto e assistiu ao filme. Não insistiu mais. Na saída, conversamos muito. Ele comprou algodão doce pra nós, ficamos dando voltas na praça...
- Como era diferente naquele tempo, né, mamãe?
- Bastante! Mirtes tinha um namorado. Um caixeiro-viajante.
- Que é isso, mamãe?
- Hoje a gente chama de representante comercial. O namorado de Mirtes não parava na cidade. Ela era bem branquinha e ele negro. Brincando, a gente chamava ele de Carvão. Quando saíamos os três, o pessoal pensava que eu era a namorada...
- Só porque a senhora é morena?
- Sim... Mirtes se casou com ele. Coitada!
- Por que coitada, mamãe?
Dona Maria Porém não respondeu. Calou-se pensativa, enquanto os dedos continuavam passeando pelos cabelos da filha. Incomodada com o silêncio, Dulcinéia se ergueu, encarando-a:
- Coitada por que, mamãe?
- O namorado de Mirtes, o Galvao, sofreu um acidente na estrada! Ela ficou viúva pouco tempo depois de casada. Estava grávida. Quando deu à luz, veio pra casa e batizou a criança. Eu fui a madrinha... ... teve uma infecção por causa do parto. Foi internada às pressas e morreu. Coitada, queria tanto ter filhos! Estava tão feliz! Já tinha escolhido até o nome da criança... Felício... antes mesmo de ele nascer... A família era contra o casamento. Depois que ela morreu, sumiram com o menino. Não pude fazer nada. Aliás, eles nem gostavam de mim. Me chamavam de “a negrinha, empregada da velha Guilhermina Prates”. Até hoje ninguém sabe do menino... Dizem que foi levado pra Itália... Menino? Já é um homem! É bem mais velho que você!
C o n t i n u a...
Qualquer semelhança será coincidência? Será? Não deixe de ler a continuação. Revelações inéditas...
Leia DIÁRIO DE UM PERALTA - revelações sobre um tempo que jamais voltará , no Na Ponta do Lápis

Sunday, April 15, 2007

EPISÓDIO 39 - final

SONHO DOURADO
– final
- Me atrasei. O avião fez um pouso de emergência nas Ilhas Canárias. Ameaça de bomba. Mas cheguei a tempo de participar do casamento do meu filho. Onde está o noivo?
- Aqui. – a condessa aponta para o garçom.
A elegante senhora retruca com polidez.
- Desculpe, este não é o meu filho. Não é aqui que mora o advogado Fausto?
Fausto ouve a voz quase junto de si. Instintivamente se volta e vê a mãe. Ao reconhecê-lo, ela recua, lívida de surpresa.
- Meu Deus! Não! Não foi este o filho que criei. Não!
A mãe sai cambaleando. Fausto corre atrás dela, arrastando o vestido. A mãe estremece. Leva as mãos ao peito. Fica imóvel. Sem que haja tempo de ampará-la, desliza para o chão.
A surpresa invade as fisionomias.
Ela permanece estirada no chão. Ninguém sabe como agir. De repente uma voz pausada rompe todo aquele silêncio embaraçador.
- Eu sou médico! Vou examinar esta senhora!
A admiração invade as fisionomias. Há incredulidade na pergunta.
- Você?
- Um médico, trabalhando como garçom?
- Os tempos estão difíceis. Os convênios pagam pouco.
Diz isto examinando o pulso da mãe de Fausto. Depois se curva e ausculta o coração. Fica algum tempo assim. Instantes depois, levanta e anuncia quase que indiferente.
- Nada mais pode ser feito. Esta senhora está morta!
A agitação toma conta dos convidados, que começam a falar desordenadamente. Selma recua. Carlo foge. Clarice aperta com forca o braço de Felício e permanecem no mesmo lugar, atônitos.
Flora di Garmingnon e Júlia murmuram:
- Que tragédia!
E discretamente, deixam o local. Em poucos instantes só restam Clarice e Felício na cobertura do advogado Fausto, que permanece imóvel, sem ação, sem fazer nada. Entretanto, segundos depois, ele se atira ao chão, gritando:
- Mamãe!... mamãe!...
Instantaneamente clarões iluminam toda a cobertura, como se fossem relâmpagos. Fotógrafos e repórteres rompem por todo o jardim: máquinas em punhos, disparando flashes, atropelando uns aos outros, falando alto, falando em outras línguas, correndo. Todos querendo captar o melhor ângulo.
EM BUDAPEST
Alguém atende ao telefone e sonoras gargalhadas se espalham por todo o apartamento. Depois, esse alguém corre para o computador. E vê em tempo real, as fotos de Fausto vestido de noiva e a mãe morta ao lado. Em seguida, sem desviar os olhos da tela, fala calmamente. Sua voz soa carregada de ódio:
- Viu no que no que dá mexer com o poderoso Pássaro, seu advogadozinho?
No Episódio 40...
Dona Maria Porém vai deixar todo mundo de queixo caído, fazendo revelações altamente comprometedoras. Não percam!!!
E brevemente...
Um histórico de infância nem sempre triste, nem sempre alegre, narrado por um idoso, numa trajetória desde a 2ª Guerra Mundial, passando pela Ditadura, até os dias de hoje, quando o progresso avança, transformando vidas. E na própria voz da criança peralta que foi, ficamos sabendo: “Tudo mudou... só as lembranças permanecem intocáveis”.
- DIÁRIO DE UM PERALTA no blog Na Ponta do Lápis

EPISÓDIO 39 - 2ª parte

SONHO DOURADO
- 2ª parte
O pianista toca “Até Quando Você Voltar”, uma romântica música, que fala do amor de uma cinqüentona e um deficiente físico. Completamente envolvidos, os convidados são transportados para uma atmosfera de nostalgia.
Clarice olha disfarçadamente para Felício e sente um aperto no coração. Gostaria de estar nos seus braços, dançando aquela música. Entretanto, o encantamento da musica é interrompido por gritos alucinados. Todos correm na direção dos gritos.
- O que foi? Quê aconteceu?
- Uma barata... – balbucia Marta.
Todos correm para socorrê-la quando ela começa a desmaiar.
Aproveitando a oportunidade de estar sozinho com Selma, Carlo pressiona-a.
- Preciso de grana pra colocar uns acessórios no meu carro.
- Está pensando que sou dona do BB. Que já tenho a senha?
- Se vire! Ou conto que nós dois...
- Mude de assunto. Fausto vem vindo.

Minutos depois, Flora di Garmingnon e Carlo vão ao encontro da noiva.
- Selma, onde está o Fausto? Traga-o aqui.
Ela avista-o, observando um barco que vai cruzando o mar.
- Fausto!
- Que foi, meu bem?
Os convidados se aproximam do casal.
- Nossos amigos querem... – somente ele ouve o que Selma termina de dizer.
Fausto fica embaraçado e gagueja.
- O... quê? Pra quê?
- Não foi idéia minha, querido, mas você concorda?
Relutante, Fausto diz que sim. Então Selma começa a se despir. Ele é conduzido para um canto do jardim. Selma vai ao seu encontro. Começam a maquiá-lo. Ele põe o vestido. O mordomo traz uma peruca. Num segundo, está completamente transformado.
Felício Galvão deixa Clarice sozinha e se aproxima do grupo.
Carlo sugere:
- Acho que o garçom pode fazer par com o noivo.
Júlia, batendo frenéticas palminhas, grita, sacudindo os cabelos, agora novamente negros de tintura :
- Garçom!
O rapaz se aproxima. Júlia determina.
- Você fará o noivo.
- Que devo fazer?
- Dar o braço à “noiva”. Vamos fazer uns joguinhos com vocês.
O garçom, em silêncio, vai se sentar ao lado de Fausto.
A brincadeira ganha o auge. As vozes se confundem com as músicas executadas pelo pianista.
Venta. Toda a cobertura é invadida pela brisa marítima e pelo perfume das rosas do jardim. O pianista executa músicas ciganas, fitando de vez em quando os convidados.
Fausto, bastante à vontade, rebola freneticamente, fazendo reluzir as pedrinhas de diamante do vestido. A timidez deu lugar à alegria.
Naquele instante, surge no jardim uma elegantíssima senhora, que apressadamente, esclarece:
C o n t i n u a...
Quem é essa senhora? Não sabe? Então leia o final do Episódio 39- final. E acesse o Na Ponta do Lápis
VEM AÍ...
Um histórico de infância nem sempre triste, nem sempre alegre, narrado por um idoso, numa trajetória desde a 2ª Guerra Mundial, passando pela Ditadura, até os dias de hoje, quando o progresso avança, transformando vidas. E na própria voz da criança peralta que foi, ficamos sabendo: “Tudo mudou... só as lembranças permanecem intocáveis”.
- DIÁRIO DE UM PERALTA

Saturday, April 14, 2007

EPISÓDIO 39 - lª parte

SONHO DOURADO
O casamento do advogado Fausto, com a mulher com quem ele se apaixonou à primeira vista, foi realizado no luxuoso apartamento triplex, com vistas para o mar. Fausto quis que a cerimônia testemunha do início de sua felicidade ficasse escondida dos olhos da imprensa. Ao longo de sua carreira, ele acumulara agravos devido a casos polêmicos que defendia. E assim, uma interminável lista de inimigos ia se formando.
Felício e Clarice também estiveram lá. E porque Clarice foi acometida de uma súbita dor de cabeça, ficaram os dois um pouco afastados dos convidados, ocupando uma mesinha de onde se avistava toda a movimentação da festa.
Verão. A música de piano, selecionada para a ocasião, envolve os convidados. O ambiente está imerso numa luz cósmica, provinda de um céu estrelado e um luar que se tornam cúmplices.
Neste momento, duas convidadas, andando pelo jardim da cobertura, comentam.
- Condessa, Selma conseguiu mesmo! Acho que esse ricaço não sabe...
- Júlia, homem, quando se apaixona, não importa com nada.
Elas silenciam ao ver noiva se aproximar. O luxo e a beleza do vestido branco proporcionam à Selma uma visão de sonhos. A música, irreal e acariciante, completa a ilusão.
Após falar com as amigas, Selma vê debruçado na sacada um rapaz. Furiosa, ela corre em sua direção.
- Carlo, desapareça daqui!
- Selma, por que casou com esse ricaço?
- Porque ele tem propriedades, ações. Até dinheiro em paraísos fiscais, o homem tem!
- Você me enganou.
- Logo peço o divórcio e vivemos da pensão!
O noivo chega, o que põe fim à conversa. Afastando-se dali, Carlo vai ao encontro de Flora di Garmingnon e Júlia.
- E agora, Carlo? Selma, nos braços daquela fortuna.
- Júlia, nós já havíamos terminado?
- Mentira, você é louco por ela. – comenta Júlia.
- Você tem razão. Nunca vou me conformar! – diz irritado. - Querem saber o que vou fazer?
- Estou morta de curiosidade. – antecipa-se a condessa.
- Reparem o jeito dele. Reparem!
Elas olham. Fausto conversa com um rapaz, gesticulando desordenadamente as mãos na cara do convidado.
- Parece um passarinho depenado. – comenta Carlo.
Julia sugere:
- Conte os seus planos. Vamos animar esta festa!
Carlo cochicha. Elas riem descontroladamente.
- Engraçado, foi o que acabei de pensar. – diz a condessa.
Júlia chama Cacilda e Marta, outras convidadas, e conta tudo. Elas também caem na risada.
Um pouco distante dali, os noivos conversam, alheios a tudo.
Carlo se aproxima:
- Fausto, posso dançar com a noiva?
Ele sai, sorrindo timidamente para as pessoas.
- Selma, achamos que seu marido ficaria...
Termina a frase quase num sussurro. Selma ri. Depois reflete:
- Carlo! Não devemos contrariá-lo. Ele é riquíssimo.
C o n t i n u a ...
E brevemente - DIÁRIO DE UM PERALTA no Na Ponta do Lápis.

Sunday, March 04, 2007

EPISÓDIO 38

O CASAMENTO
- Felício, não se esqueça que temos um casamento no sábado.
- O nosso, Clarice? – brinca o professor.
- Vira essa boca pra lá!
- De quem então?
- Do nosso advogado Fausto, esqueceu?
- É verdade! Ih! Temos que viajar... engraçado, o advogado do colégio mora em outra cidade.
- Ele é o melhor que existe. O homem é famoso no país inteiro. Você compra as passagens aéreas?
- Agora mesmo! Veja.
O renomado professor acessa o laptop, mexendo por alguns minutos. Depois diz a Clarice.
- Pronto! Transferi o dinheiro para a conta da empresa aérea. Vou imprimir as passagens.
- Ótimo. Hoje vou sair mais cedo pra comprar roupas?
- Clarice, mais roupa? Não é só escolher no guarda-roupas?
- Felício, você não entende as mulheres – sorri Clarice. - Acha que vou para um casamento luxuosíssimo, de um ricaço daqueles, com os vestidos que uso na escola?
Felício sorri, brincando.
- Pois eu vou com a roupa que tenho!
- Homem é diferente... peraí, vamos juntos ! Quero você impecável!
- O.k., não vou te envergonhar! Tá falando como uma esposa – brinca, tocando ligeiramente a mão da diretora.
Clarice olha-o longamente, calada. Ela está diante do homem que gostaria de ser a esposa. Embaraçada, não diz nada. Retira a mão e pede licença ao professor. Ao vê-lo saindo, caminha até a janela e vê um casal de adolescentes se beijando. Sua tristeza aumenta ainda mais.
F I M
Lembra de Selma, que conversava com Júlia no Shopping Galeria onde o detetive alemão morreu?
Então não perca o Episódio 39 – SONHO DOURADO.
Um casamento, uma brincadeira, uma surpresa na festa, um desfecho inesperado. Enquanto isso, em Budapest...

EPISÓDIO REVELAÇÃO 37

LEIA ESTE TRECHO DO EPISÓDIO 10 - FINAL:
APÓS A GRAVAÇÃO DO VÍDEO DE YANA BAHRA, FELÍCIO GALVÃO DÁ UMA CARONA PARA ANDIE.

Felício Galvão faz a manobra. Andie não entra na lanchonete. Espera que ele saia. Felício não se decide. Sem saber porque, fica ali parado, olhando distraído as pessoas à sua volta. Outra vez a voz da menina despertou-o.
- Obrigado, professor! Pode ir!
- Tchau, Andie!
Ir não era o desejo dele. Queria ficar mais. Sentir o contato dela, o perfume discreto, o sorriso. Contra a vontade, vai acelerando a moto e se arrancando devagar. Vira-se rapidamente e vê a menina acenando. Por fim, contorna a esquina. Mal desaparece, a garota olha para todos os lados, como se procurasse alguém. Espera alguns minutos. Em seguida atravessa a rua e toma outra direção.

ANDIE - a triste decisão
- Pois não senhorita!
- Tenho hora marcada!
- Nome?
- Andie von der Ghlantèe!
- Espere só um momento!
A atendente entrou no consultório. Passados alguns segundos saiu anunciando.
- Pode entrar. O dr. está esperando-a!
Apressadamente Andie se levantou e empurrou a porta, onde um médico grisalho a recebeu com um sorriso.
- Andie! Bom dia, minha filha! Ouça, você tem certeza do que vai fazer? Não vai se arrepender depois?
- Claro que não. Já tomei a decisão!
- E o pai...
- O pai? – Andie não conteve as lágrimas que inundaram os olhos. – Deve estar no fundo do Danúbio!
- Como?
- O pai está morto, doutor, não pode fazer nada!
- Sinto muito!
- Tudo bem, doutor! O que devo fazer?
- Seguiu os procedimentos que recomendei? Está em jejum?
- Sim!
- Entre naquela salinha, vista essa roupa. A enfermeira já vem te preparar. Lembre-se, Andie, depois que sair daqui, repouso absoluto!

Ao sair da clínica num táxi, Andie não sabia se via tudo embaçado pelas lágrimas ou se pelo efeito da anestesia. De uma coisa tinha certeza. O seu coração estava em pedaços. Se aquela tragédia toda não tivesse acontecido com Tzeck, certamente eles poderiam ter o tão sonhado bebê.
F I M
No Episódio 38 - O CASAMENTO
E no blog de contos Na Ponta do Lápis