Saturday, April 21, 2007

EPISÓDIO 40 - final

EM FAMÍLIA
– Final
- Ai mamãe, que história triste! Pára! Conta mais... depois do matinê, vocês ficaram dando voltinhas na praça com o rapaz que queria encostar na senhora. E aí? – Dulcinéia ri.
Maria Porém deu um beliscão na filha e caiu na risada também.
- Não tem mais nada! Ficamos dando voltas na praça, ele comprou algodão doce pra nós. Sentamos. Ficamos olhando a fonte luminosa. Depois tomamos groselha geladinha, que era o refrigerante da época. Ficamos ouvindo as músicas do alto-falante. Ele passou música pra mim. Uma música assim:
- Sonhar contigo / por toda vida / sonhar contigo / Meu amor / minha querida /
Viver pensando / em ti somente / viver te amando / ser só teu eternamente /
- acho que era assim a música... e me pediu em namoro. Naquele momento... Naquele momento, eu já estava gostando dele!
- Nossa, mamãe!
- Sim! Foi o único homem da minha vida. O meu primeiro e único amor! Pena que era viciado em jogo e bebida. Descobri depois que casamos. Quando ele desapareceu e me deixou com filhos pequenos... você com um ano... disse a mim mesma que jamais outro homem tocaria o meu corpo.
- Oh mamãe...
- Minha filha, têm coisas que acontecem uma vez só. Comigo foi assim!
Dulcinéia pensou: - talvez o meu namoro com o Caio seja assim também - mas não disse nada. Limitou-se a perguntar:
- Como era o nome dele, mamãe?
- Daniel! Seu pai, menina!
Ao ouvir isso, Dulcinéia ergueu-se do colo da mãe e encarou-a. Em seguida sua voz soou profundamente sentida.
- Oh mamãe, como a senhora deve ter sofrido!
- Sofri, minha filha, mas Deus é poderoso! Me deu forças pra suportar o fardo! Daniel era o meu fardo, mas Deus não é homem para nos abandonar. E Nele encontrei forças para criar os meus filhos sozinha!

- Mamãe, uma coisa me chamou a atenção. A senhora disse que o marido de sua amiga se chamava Galvão e que o filho era Felício?
- Ela dizia que Felício lembrava felicidade.
- Galvão era sobrenome do marido dela?
- Era!
- Mamãe, a senhora acaba de me revelar uma coisa que eu nunca iria imaginar. Acho que sei onde está o filho de Mirtes!
- Ah Dulcinéia, lá vem você... Já te disse pra parar de ver novelas!
- Mamãe, é sério. É difícil de acreditar, mas esse Felício é o professor do colégio onde trabalho. Tenho certeza!
F I M
E dedico este Episódio ao Marco, do blog
Antigas Ternuras.
Um relato desde a 2ª Guerra Mundial. Leia DIÁRIO DE UM PERALTA - no blog Na Ponta do Lápis

3 Comments:

At 9:42 PM, Blogger Tyr Quentalë said...

rsrsrsrsrsrsrs. A Dulcinéia não é boba não, ela catou a dica no ar. É uma pena que Dona Maria Porém tenha sofrido tanto, mas ela é uma mulher admirável, não? Mas e agora? A dulcinéia sabe desta informação, o que ela vai aprontar?

 
At 1:12 PM, Anonymous Anonymous said...

Nossa, será essa a origem de Felício Galvão? Eita professorzinho suspeito, hein? Smpre surpreendente essa minissérie, Rubo! Um abraço!

 
At 6:57 AM, Blogger Marco said...

Puxa, Rubo... Obrigado pela citação! Eu estava lendo e me deparei com a história da música dedicada no parquinho e pensei: "Ih, eu também dediquei esta música para uma moça!" Até escrevi sobre isso no Antigas Ternuras. Mas aí vejo que você me dedicou o capítulo. Muito obrigado, amigo. E este foi um ótimo capítulo. Esclarecedor, com conflito dramático... Excelente!
Carpe Diem.

 

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