EPISÓDIO 9

YAHA BAHRA
2ª parte
Enquanto isso, no set, o diretor está dando as últimas ordens.
- Atenção! Vamos gravar! Vai girando o palco lentamente... Eu disse lentamente!!! Você Yana, erga o braço direito, vai deslizando o braço e falando... fitando o infinito... com olhos abstratos.... Atenção! A cada frase da atriz, o figurante vai assumindo o personagem, ok?
Yana ergue a cabeça. E com a mão esquerda segura a capa para que não abra. E erguendo o braço direito, com gestos agressivamente ensaiados e uma voz impostada a ponto de não ser reconhecida, começa a falar:
2ª parte
Enquanto isso, no set, o diretor está dando as últimas ordens.
- Atenção! Vamos gravar! Vai girando o palco lentamente... Eu disse lentamente!!! Você Yana, erga o braço direito, vai deslizando o braço e falando... fitando o infinito... com olhos abstratos.... Atenção! A cada frase da atriz, o figurante vai assumindo o personagem, ok?
Yana ergue a cabeça. E com a mão esquerda segura a capa para que não abra. E erguendo o braço direito, com gestos agressivamente ensaiados e uma voz impostada a ponto de não ser reconhecida, começa a falar:
“Busquem nos becos, os bêbados adormecidos.
Desatem os loucos de suas mordaças sanitárias.
Abracem e tragam no colo as putas das esquinas noturnas.
Troquem as roupas brancas e frias dos doentes nos hospitais.
Dêem o braço para os homossexuais enganados, amantes maltratados.
Façam um ninho de flores e nele transportem as crianças das ruas.
Tirem dos asilos os velhos abandonados, famintos e maltratados.
Peguem nas mãos os travestis tristes e borrados sob a chuva da ignorância.
Procurem as bailarinas dos cabarés pobres com uma túnica de compaixão.
Beijem as mãos e conduzam as mulheres feias, melancólicas, desamadas.
Busquem os solitários, os presos em seus terrores, os faroleiros.
Resgatem da escuridão os que sofrem por amor e choram sozinhos.
Encontrem as viúvas e as mães que perderam seus filhos.
Retirem da guerra os soldados, os rotos, saudosos, sozinhos.
Venham com as mulheres solitárias, sozinhas ou não.
Busquem os pecadores, os sem juízo, os amantes clandestinos
Carreguem em seus braços os cães abandonados
E os cavalos cansados do trabalho.
Vamos juntos à festa...”
Desatem os loucos de suas mordaças sanitárias.
Abracem e tragam no colo as putas das esquinas noturnas.
Troquem as roupas brancas e frias dos doentes nos hospitais.
Dêem o braço para os homossexuais enganados, amantes maltratados.
Façam um ninho de flores e nele transportem as crianças das ruas.
Tirem dos asilos os velhos abandonados, famintos e maltratados.
Peguem nas mãos os travestis tristes e borrados sob a chuva da ignorância.
Procurem as bailarinas dos cabarés pobres com uma túnica de compaixão.
Beijem as mãos e conduzam as mulheres feias, melancólicas, desamadas.
Busquem os solitários, os presos em seus terrores, os faroleiros.
Resgatem da escuridão os que sofrem por amor e choram sozinhos.
Encontrem as viúvas e as mães que perderam seus filhos.
Retirem da guerra os soldados, os rotos, saudosos, sozinhos.
Venham com as mulheres solitárias, sozinhas ou não.
Busquem os pecadores, os sem juízo, os amantes clandestinos
Carreguem em seus braços os cães abandonados
E os cavalos cansados do trabalho.
Vamos juntos à festa...”
E assim vai sendo feito. A cada frase que Yana Bahra diz, o figurante assume o personagem e a câmera se desloca para focalizá-lo.
Por fim, correndo, Sérgio grita:
- CORTA!!! CORTA!!! Perfeito! Terminamos, Yana!
A atriz literalmente arranca o capuz, abre os braços e deixa cair a capa, exibindo um corpo branco completamente nu, magro e escultural. Remexe os cabelos longos e louros. Seus olhos azuis ultrapassam a multidão como se fossem um radar. Instantaneamente, flasches pipocam por toda parte. Há um corre-corre de fotógrafos e fãs empurrando uns aos outros. A multidão, em delírio, começa a gritar.
- Y-a-na! Y-a-na! Y-a-na! Y-a-na!
Sérgio sobe correndo no palco.
- Ficou maluca? A nudez não faz parte do script!
- Improvisei, querido, improvisei!
- Ainda bem que posso cortar...
Quase espremida no meio daquela gente toda, Andie é tomada de surpresa. Sem se conter, grita:
- Meu Deus... mamãe! É a minha mãe! Mamãe!!!
O som de sua voz é abafado pelos gritos frenéticos. Andie tenta abrir caminho na direção do palco. A multidão enlouquecida a impede de sair do lugar.
No mesmo instante uma camareira chega correndo e cobre a atriz com um lençol de seda. E sem que ninguém perceba, prega algo na capa. Sob aplausos, Yana Bahra deixa o local. Policiais fazem um cordão de isolamento. Ela entra num carro estacionado debaixo do palco. O motorista avança lentamente pela rua. E da janela do banco traseiro, a atriz, com a mão direita, acena se despedindo, enquanto a esquerda movimenta-se agilmente, retira o objeto pregado na capa e esconde no sapato de bico fino.
O diretor, agora mais calmo, anuncia lá de cima:
- Atenção! Os figurantes cadastrados podem se dirigir à van para receber o cachê. Somente os cadastrados!
Os figurantes começam a deixar o set e se encaminham para a rua, formando uma fila ao lado da van, guardada por um forte aparato policial.
Novamente a voz do diretor soa no megafone.
- Agradeço a todos a presença aqui e peço desculpas. Infelizmente Yana Bahra não poderá conceder entrevistas. Seu vôo parte daqui a uma hora para Los Angeles.
Andie sai dali desolada, com a cabeça vazia, sem saber o que fazer. Anda sem destino pelas ruas. E quando um motoqueiro...
Por fim, correndo, Sérgio grita:
- CORTA!!! CORTA!!! Perfeito! Terminamos, Yana!
A atriz literalmente arranca o capuz, abre os braços e deixa cair a capa, exibindo um corpo branco completamente nu, magro e escultural. Remexe os cabelos longos e louros. Seus olhos azuis ultrapassam a multidão como se fossem um radar. Instantaneamente, flasches pipocam por toda parte. Há um corre-corre de fotógrafos e fãs empurrando uns aos outros. A multidão, em delírio, começa a gritar.
- Y-a-na! Y-a-na! Y-a-na! Y-a-na!
Sérgio sobe correndo no palco.
- Ficou maluca? A nudez não faz parte do script!
- Improvisei, querido, improvisei!
- Ainda bem que posso cortar...
Quase espremida no meio daquela gente toda, Andie é tomada de surpresa. Sem se conter, grita:
- Meu Deus... mamãe! É a minha mãe! Mamãe!!!
O som de sua voz é abafado pelos gritos frenéticos. Andie tenta abrir caminho na direção do palco. A multidão enlouquecida a impede de sair do lugar.
No mesmo instante uma camareira chega correndo e cobre a atriz com um lençol de seda. E sem que ninguém perceba, prega algo na capa. Sob aplausos, Yana Bahra deixa o local. Policiais fazem um cordão de isolamento. Ela entra num carro estacionado debaixo do palco. O motorista avança lentamente pela rua. E da janela do banco traseiro, a atriz, com a mão direita, acena se despedindo, enquanto a esquerda movimenta-se agilmente, retira o objeto pregado na capa e esconde no sapato de bico fino.
O diretor, agora mais calmo, anuncia lá de cima:
- Atenção! Os figurantes cadastrados podem se dirigir à van para receber o cachê. Somente os cadastrados!
Os figurantes começam a deixar o set e se encaminham para a rua, formando uma fila ao lado da van, guardada por um forte aparato policial.
Novamente a voz do diretor soa no megafone.
- Agradeço a todos a presença aqui e peço desculpas. Infelizmente Yana Bahra não poderá conceder entrevistas. Seu vôo parte daqui a uma hora para Los Angeles.
Andie sai dali desolada, com a cabeça vazia, sem saber o que fazer. Anda sem destino pelas ruas. E quando um motoqueiro...
O poema que a atriz recita é de autoria de Saramar Mendes de Souza, do Blog Falares.
E no EPISÓDIO 10 - um reencontro emocionante, que vai mexer com você. Aguarde!!!
Enquanto isso, visite Na Ponta do Lápis
23 Comments:
Grande Rubo,
Uma surpresa a cada frase, heim? Poema da nossa querida Saramar? ela escreve muitíssimo bem. A história está caminhando. Vamos ver o próximo capítulo.
Um abraço!
Estou gostando muito, meu amigo. Está ficando bem emocionante e misterioso. Parabéns e obrigada por partilhar. Küssens.
Rubo, meu querido amigo!
Que cena! Emocionante, intrigante e deixou aquela vontade de saber logo o que vai acontecer.
Por favor, não demore. Fiqui ansiosa para saber deste motoqueiro e da história da Andie e sua mãe belíssima.
Rubo, você me deixou muito emocionada. O meu poeminha aparecer assim em sua história foi uma honra imensa para mim.
Obrigada.
Beijos
Rubo,
Cada novo capítulo traz novas emoções e grandes surpresas. Um poema da querida Saramar saído da boca de Yana se torna um monumento que deveria ser apreciado por todos. Esse, em especial, é belíssimo e ganhou ainda mais dramaticidade dentro do texto, que carrega segredos, mistérios, intrigas. Vamos ver agora a que vem esse novo personagem, o misterioso motoqueiro.
Abração.
Olá amigo: eu achei excelente a parte da improvisação da Yana.Pena que o diretor avisou que iria cortar. Quão bela não seria a sua nudez para nós outros, hein?! Um drama com muitos mistérios e suspenses.
Um abraço...
Texto que parece um "script". Texto de quem economiza palavras inúteis e vai direto ao ponto. A parte descritiva "contida" e sem enrolação...rs
E a interação com a Saramar, colocando as palavras do poema dela no contexto, ficou genial!
Uma trama que se arma, novamente, num vislumbre de um motoqueiro...
Em todas essas facetas do texto...(ah! não posso me esquecer da parte do diálogo, em que vc é mestre...)vc demonstra ser um ótimo contador de histórias! Estou atenta...rs
Beijos, Rubo!
Dora
Amigo, mto emocionante, parabéns. Vc escreve super bem, querido Rubo.Continue sempre... Bjosss.
Não preciso dizer nada, não é Rubo?
Muito bem escrito como sempre...
E quem diria que a atriz seria mãe da Andie né?!?!
Aguardo o 10° episódio.
Abraço.
Espetacular!!Aplausos querido!!!
Findi perfeito,
beijosssssssssss
Muito bom.
Parabéns.
Beijinhos mágicos de Portugal
Rubo, isso é que é imaginação em ação. Perfeito, e o foco no poema de paz da Saramar, muito bem realizado. Parabéns. Aguardo o 10, com o coração aberto para esse reencontro prometido. Abraços.
Até eu fiquei com vontade de gritar: Yana! Yana! Yana!...
Rapaz... que imagem se formou em minha mente agora... hehehehe
Abraço!
Que legal que ficou o poema da Saramar na história!
E a história corre solta! Muito legal, vc está conseguindo prender a atenção de todo mundo, menino! rs
Beijoconas
Belo gancho, Rubo, estou curioso! Parabéns pelo seu trabalho! Abraço!
Muito legal, sua forma de escrever, envolvente, estou gostando.
Essa cena deixou um gostinho de quero mais..rss.
bjos,boa semana
Cheguei no nº 9, muito criativo, inclusive a utilização do poema da Saramar.
Explicando à sua indagação no comentário, explico melhor:Quando disse que ganhei troféu foi força de expressão.É que, o comentário fez aluzões á você no " Eta cafezinho bom"
Finalmente, quero pedir-lhe que me ajude a encontrar para ler novamente,um conto seu, muito bom, que falava de um motorista de onibus que, era também pastor de uma igreja e, descobriu que a mulher que paquerava era uma das fiéis. Abraços.
oiiiiiiiiiiiiiiiiiiii a narrativa do teu texto a cada dia que passa esta otima
Oie meu amigo Rubo...Tô aki lendo mais este episódio...Demorei a vir ler pq eu estava em Sampa, mas assim que cheguei...Ó eu aki :-D
Tô adorando...Beijinhos estaladinhos...Rê
Rubo, li agora. Parece coisa de mistério. E mistério tb o desaparecimento dos meus comentários anteriores.
Liliane
Nem Andie nem Dulcinéia foram aceitas como figurantes. Como será que os destinos dessas duas voltarão a se cruzar
Obs: Li e comentei seis episódios num dia! Viu que estou atendendo a sua reclamação.
Um poema com grande impacto eu diria. Um poema que por muitos seriam vistos com maus olhos, mas foi feito de uma forma grandiosa com um desfecho improvisado que trouxe uma grande surpresa. Yana... Mãe de Andie? Que surpresas mais você terá? Afianl prometeu isso no próximo capítulo que já estou para devorar.
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