Wednesday, October 11, 2006

EPISÓDIO 22 - final

UM AMOR DAS CORDILHEIRAS
(no ônibus, ao voltar pra casa)
- final

- Acho que te conheço. Você trabalha naquele colégio. Sou Caio e...
Ela não o esperou concluir a frase.
- Dulcinéia... vi o acidente de ontem com o ônibus!
- Viu?
- Conseguiu a bolsa pros filhos?
- Filhos?
- Você estava na fila!
- Ah não...
Dulcinéia percebeu que o rapaz falava com um ligeiro sotaque.
- Não conseguiu? Que pena!
- Quero dizer, não são meus filhos! É meu sobrinho. Minha irmã não pôde ir pra fila porque foi ao Chile resolver uns problemas. Então fui lá fazer a inscrição.
Dulcinéia sentiu o coração quase parar. Olhou ao redor, parecia que as luzes dos postes, refletidas no verde das árvores, dançavam à sua frente. O colorido das lanternas dos carros formavam uma corrente vermelha que a ela parecia uma marcha nupcial. As buzinadas no trânsito congestionado, todo aquele barulho chegava ao seus ouvidos como uma orquestra. Ela olhou ligeiramente para o rapaz que nunca abandonava aquele sorriso. Os sons e as cores do trânsito intenso envolveram-na. Só foi despertada do devaneio quando ouviu uma voz cansada dizer quase no seu ouvido:
- Dá licença, menina?
Era um cabecinha branca querendo passar. Dulcinéia se encolheu. Olhou discretamente para Caio e disse:
- Espero que consiga a bolsa pro filho da sua irmã!
- Também... – respondeu o rapaz, sem desviar os olhos do trânsito.
- Vou lá pra trás. Até amanhã, então!
Caio acenou com a cabeça, enquanto seus olhos buscaram rapidamente o retrovisor interno do ônibus. Ele disse apenas:
- Tchau!
Ela ficou decepcionada com aquele monossílabo. Empinou o corpo, ergueu a cabeça e foi girando a roleta, quando ouviu a voz com sotaque dizer.
- Amanhã vou tirar folga. Um colega vai me substituir. Na sexta estou de volta. Vê se não perde o ônibus!
Ela fitou o rapaz sem dizer nada. Seu coração disparou. A surpresa invadiu a sua fisionomia a ponto de fazê-la corar-se.
Tudo que Dulcinéia queria na vida era nunca mais perder aquele ônibus!
Agora é pra valer! Lá vem Júlia, fogosa, mandona, espalhando terror pela mansão. Não perca o EPISÓDIO 23. Enquanto isso, no Na Ponta do Lápis

11 Comments:

At 4:17 AM, Blogger Rubo Medina said...

RESUMO
- UM AMOR DAS CORDILHEIRAS - 2ª parte.
1 - ANDIE estraga os planos de DULCINÉIA e ela não consegue chegar perto do motorista de "dentes de dar prejuízo ao dentista"
2 - kk E TIAGO ficam loucos com ANDIE, que sai com TINA.
3 - DULCINÉIA chora no vestiário, conta tudo a SABRINA, sua colega, e promete vingança.

 
At 2:33 PM, Blogger Tyr Quentalë said...

YEAH!!! Eis que Dulcinéia descobre que seu amado motorista não possui filhos e que ele se importa com ela. Ah!! Foi tão lindo ver como o mundo se transformou diante dos olhos dela.. tanto quando ele disse que a bolsa era para o sobrinho e quando ele falou para ela que estaria de folga e que era para ela não perder o ônibus na sexta. Ai!! Como é lindo o amor... Agora só faltava ele convidart a dulci para ela passear com ele. Vou ficar aqui na torcida!

 
At 6:27 AM, Anonymous Anonymous said...

Aguardo Julia. Mas Dulcinéia continua empolgante.
Abraços.

 
At 3:02 PM, Blogger Claudinha ੴ said...

Então eram os sobrinhos... Então isto ainda vai dar pano prá manga...

 
At 4:25 PM, Blogger Marco said...

É... eu já tinha imaginado que o cara não teria filhos. Fica mais interessante assim. E mais: acho que ele deu condiçãom pra Dulcinéia. Eu acho que vem coisa aí desses dois...
Um abração e um ótimo final de semana!

 
At 6:32 PM, Blogger Carla Augusto said...

EXCELENTE BLOG!!!
PARABÉNS!
CONTINUE!

 
At 7:24 PM, Anonymous Anonymous said...

Lá vem mais um estrangeiro repleto de suspense!
Não bastassem as peripécias de Andie, desde o trem do início da trama, atravessando a fronteira Austro-húngara e se metendo em tudo o que acontece na pacata cidadezinha e no modesto colégio onde leciona o Renomado Professor Gavião, cujo coração ela roubou faz tempo!
Agora aparece um chileno com dentes de dar prejuízo ao dentista, que surge na frente de Dulcinéia na poltrona do motorista do ônibus que ela toma pra ir pra casa, ou num estranho acidente, bem em frente à casa da Madame Madalena, a cartomante charlatã, que a copeira foi consultar. Depois, ressurge na fila da bolsa-família - ops! - bolsa pros filhos "da irmã", que misteriosamente viajou pro Chile. E bem onde? No colégio onde nossa anti-heroína trabalha! E com tudo isso, a inocente (será mesmo?) Dulcinéia vai ficando cada vez mais apaixonada pelo Caio (agora já sabemos o seu nome), transformando o trânsito infernal que torturava as viagens de volta para casa em luzes refletidas no verde das árvores, ao som da marcha nupcial, tocada por uma orquestra formada, nada mais, nada menos que com as buzinadas do trânsito congestionado que, para ela só fazia aumentar ainda mais o tempo ao lado do seu novo amor. Se ele também está "encantado" por ela, porquê não aproveita o dia de folga para convidá-la para um sorvete, ou um passeio ao parque? Melhor deixar as sujestões por aquí, antes que surjam outras, não tão publicáveis num blogue de respeito Muito suspeito! Tudo muito suspeito!
E ainda temos que esperar a chegada da fogosa Júlia, mandando em tudo e em todos e espalhando terror por todos os lados! Humpf!
Estou começando a ficar com pena da Dulcinéia! Acho que estão tramando algo muito grande contra ela!

 
At 4:32 PM, Anonymous Anonymous said...

Sera que a Dulcinéia é a "dama da lotação"?

risos.

Beijoca, Rubo.

 
At 6:49 AM, Anonymous Anonymous said...

Tudo que Dulcineia mais queria aconteceu. As vagas não eram para os filhos dele. Ele sequer tinha filhos. O conto descreve nitidamente os sentimentos da Dulce levando o leitor a senti-los também.Ah como ela queria que aquele minuto não acabasse nunca.
Ela não perderia o onibus na sexta por nada. Ou perderá?

 
At 3:06 PM, Anonymous Anonymous said...

Ai! Que alívio! O moço não tem filhos...(será? rs). Tem sobrinhos. E tem sotaque. Vai dar problema...Será que ele é naturalizado brasileiro?
Enfim, Dulcinéia pode "levar um papo" agradável.
Vou ler a próxima.
Beijos.
Dora

 
At 11:40 AM, Blogger Saramar said...

Ruo, li todo o episódio, e confesso que não estou confiando muito neste "píncipe". Ele me parece meio esquivo. Talvez seja sim casado e tenha filhos e a pobre da Dulcinéia se complique, apaixonando-se o rele.
Sei não....

 

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