Wednesday, December 13, 2006

EPISÓDIO 28

OS FATOS A SEGUIR ACONTECERAM NO DOMINGO, DOIS DIAS DEPOIS DO SEQÜESTRO.

PENHA - a cozinheira do Ministro
- Você tem que me emprestar R$ 2.000,00!
- Tina, onde vou arranjar esse dinheiro? – pergunta Penha.
- Fiz um negócio e me dei mal. Mamãe tá me apertando. Tem que comprar passagem pra ir ao casamento do advogado Fausto.
- Como entro na história? Mas peraí, porque cortou aquele cabelo tão bonito, menina?
- Esqueça meu cabelo! Papai viajou, não deixou dinheiro. E ainda por cima, levou o cartão de mamãe por engano. Esqueceu o dele. Minha mesada acabou.
- Devia ter pensado nisso quando fez o negócio!
Tina se enfurece.
- Você é muito arrogante! Sabe que eu poderia dispensá-la?
- É? E quem vai fazer sanduíches pra você?
- Me viro! Empregada é que não falta!
- Tina, você gosta de humilhar os outros!
- Tô humilhando? Preciso de dois mil e você não quer emprestar!
- Menina, onde uma empregada, como eu, com filhos, vai ter dois mil reais?
Tina vê no jardim duas crianças brincando com o seu irmão Pedro Henrique - os filhos da cozinheira, que estão sempre por lá.
- Então você não tem o dinheiro!
- Quer saber, dá licença. Tenho que “cozinhar!”
- Você me paga! Vou arranjar outra melhor que você!
- Pago pra ver!
- Paga? Você não tem nem onde cair morta!
Penha vira-lhe as costas. Percebe-se que a colher-de-pau treme em sua mão. Tina vai à geladeira pegar suco e vê lágrimas escorrendo pela sua face.
- Vai chorar agora? Eu é que devia chorar!
- Me deixe em paz!- pede e cai em prantos.
Tina por um momento deixa a arrogância de lado.
- Tá chorando mesmo! Que foi que eu fiz, meu Deus?
- Nada. Eu é que sou errada! – fala Penha entre soluços. – Sou errada porque nasci pobre, sou cozinheira, não tenho dinheiro pra te emprestar. Oh Deus! – e chora mais ainda.
Tina conhece Penha desde pequena. Nunca a tinha visto chorar. De repente ela abraça a cozinheira.
- Desculpe, Penha!
- Eu é que sou errada porque tenho que tratar de dois filhos, trabalhar aqui pra recolher as migalhas que caem da sua mesa e receber um mísero salário. Sabe aquela crosta de pizza que vocês não comem? Levo pros meus filhos. Os talos das verduras? Levo pra fazer sopa pros meus filhos. A casca de abóbora, a casca de ovo, o suco que sua mãe manda jogar fora, levo pros meus filhos. Os farelos de biscoitos que ficam na vasilha? Levo pros meus filhos. E graças a Deus, meu marido também trabalha. A vida não é fácil, menina! Nem todo mundo é rico!
Tina, ouvindo a aquilo, começa a chorar também.
- Penha, entrei numa roubada. Você sabe como são meus pais. Se mamãe descobrir... do jeito que ela é doida...
- Que foi que você fez, menina? – pergunta, enxugando as lágrimas.
- Não posso dizer! - e soluça baixinho.
Nesse momento, entram na cozinha, junto com Pedro Henrique, duas crianças robustas e coradas, de quatro e cinco anos. Os filhos de Penha. Quando vêem Tina, correm para abraçá-la.
- Tina!!!
Apertam-na com força e percebem que ela está chorando.
- Mamãe, Tina tá chorando...
A mãe, disfarçando para que eles não vejam as suas lágrimas também, vira o rosto, mantendo firme a voz.
- Não liga, filhos! Tina é igual a um bebê. Quando tá com fome, chora.! Não viram que ela tá aqui querendo lanchar?
- Verdade, Tina?
- É...
Tina mal conseguiu falar. Deixa as crianças e sobe correndo as escadas. Quando já está entrando no quarto, ouve uma voz gritando lá de baixo:
- Tina foi tosquiada!!!
Pedro Henrique, o irmãozinho, ainda não esqueceu do que viu no dia seguinte ao seqüestro.
F I M
E Dulcinéia está de volta no próximo Episódio, fazendo coisas que somente ela é capaz...
Conheça meu blog de contos/crônicas
Na Ponta do Lápis

11 Comments:

At 3:20 AM, Blogger Edilson Pantoja said...

Caro Rubo, não sou bom de sinopse, mas aí vai o que consegui.

SINOPSE

Marinheiro é arrastado por forte tempestade até um deserto imensurável, onde, após o apodrecimento de sua cabine de comandante, passa a habitar antiqüíssimo e misterioso farol, a quem odiara por reconhecer, no fracasso em alertar navegantes, a causa do seu e de outros tantos naufrágios. Todavia, após habitá-lo, planeja fazê-lo brilhar outra vez, o que consegue ao queimar todos os restos de embarcações ali presentes. O fogo dura cem gloriosas noites. Finalmente, quando já não há o que queimar, o homem planeja partir em busca de madeira. Mas o deserto, imensurável - é tudo o que há, não lhe permite achar lenha. É quando o personagem, que desconfia nascerem-lhe corcovas nas costas, passa a receber curiosos visitantes: uma raposa estrábica, um santo em busca do além, e uma besta vingadora. Cada um, em circunstâncias diferentes, lhe transmite lembranças e saudades de uma certa Adeleine, a quem o marinheiro não conhece, mas por quem se apaixona e em função da qual, desde então, passa a viver. Em sua busca pela amada, dois desertos, cada um maior que o outro, se encontram.

Agora vou ver Dulcinéa. Abraço!

 
At 2:03 PM, Blogger Tyr Quentalë said...

caro Rubo,
Cá estou eu novamente. Foi com Grande alegria que li o capítulo de Dona Penha. Minha nossa, ler como ela faz para trazer um pouco mais de alimento para os filhos, me fez pensar como a vida pode ser tão miserável. A forma que Doan Penha lamentou por não ter o dinheiro e disfarçou para os filhos não perceberem o que estava acontecendo foi bem interessante também. Nunca pensei que a Tina poderia vir a ter este tipo de sentimento ao ver que a dona Penha estava chorando. Chega dá um certo desnorteio.. e bem.. o que mais eu poderia esperar de uma pessoa da Família da Tina do que um Pestinha como o irmão dela?
Aguardo ansiosamente pelo retorno de Dulcinéia.
Abraços e não perca: Encontros Etéreos no Tyr Quentalë.

 
At 3:02 PM, Anonymous Anonymous said...

RUBO COMPLEMENTA O COMENTÁRIO DE TYR QUENTALË
- O facho de luz que jorrava sobre Penha, a cozinheira do Ministro, foi apagado, pondo fim à entrevista. Ela sorriu, satisfeita por ter debochado da situação brasileira e ergueu do chão a pesada sacola, onde carregava sobras de comida para os dois filhos. E ainda sorrindo, seguiu para o ponto de ônibus. (Episódio 18).

 
At 8:40 AM, Anonymous Anonymous said...

Huaaaaaaaaaaá r´´a rá rá. Rubo, adorei essa tal de Dulcinéia e esse lance dos dois mil reais emprestados. Obrigado pela visita ao meu blog, apareça sempre por lá tambem, voltarei sempre. Boa Ceia, Bom Natal!

 
At 4:14 PM, Blogger Tyr Quentalë said...

Rsrsrsrsrs. Minha nossa Rubo! Eu tinha me esquecido deste pequeno e mero detalhe do Capítulo 18. Cheguei a visitar o Capítulo apenas para reler esta parte, mas mesmo assim, a situação da vida de Dona Penha é um tanto quanto Dramática. Mas ao menos ela conseguiu despertar algo no coração de Tina, não é mesmo?
Abraços e cruze os dedos para que eu consiga escrever mais um conto para a noite de amanhã! Afinal... Não poderia deixar passar um Conto Natalino, tal qual no ano passado. Se quiser eu posso dispor para você o Conto: Uma Noite Mágica.
Que foi meu conto Natalino do Ano passado para o Tyr Quentalë!
Abraços e que Dulcinéia continue fazendo bastante Sucesso!

 
At 10:40 AM, Blogger Marco said...

Grande Rubo,
Rapaz, fiquei aqui pensando em quantas secretárias domésticas não fazem a mesma coisa que Penha...
Mantenho a ansiedade para o próximo capítulo.
Rubo, quero te desejar um Natal repleto de grandes maravilhas e um 2007 cheinho de promessas de paz, amor, carinho, tranquilidade e todas as coisas boas que os justos e bom de coração merecem receber.
Um forte abraço e até 2007!

 
At 12:17 PM, Anonymous Anonymous said...

Esse episódio foi interessante, porque deu à Tina (ou creTina) uma certa humanidade! Parabéns, Rubo! Feliz Natal pra você!

 
At 2:52 PM, Anonymous Anonymous said...

Quem diria que a creTina iria se comover com as lágrimas da Penha? A grande Penha que cuida dessa familia totalmente desagregada e fora de controle, além de alimentar os dois filhos. Acho que as sobras na casa do Ministro devem ser muito boas, pois os filhos dela são robustos e corados, além de poderem brincar com o Pedro Henrique. Bom, com o pai e suas inúmeras ocupações, a mãe mafiosa que vive se metendo em situações escabrosas e a filha cabeça de vento que é perita em azarar a heroína Dulcinéia, as portas da mansão estão abertas para o que der e vier, né? Ou até mesmo para quem vier e der... rs. Quero ver a creTina agora, com a cabeça tosquiada e devendo os dois mil reais, se virar - ou virar a bolsinha pra pagar essa dívida...
Enquanto a creTina arranja um "ponto" na esquina mais próxima de casa, aguardemos a volta triunfal de Dulcinéia e seu amor pelo misterioso motorista chileno com dentes de dar prejuizo ao dentista...

 
At 2:35 PM, Anonymous Anonymous said...

muito bem "tramado" Bom Ano Novo!

 
At 3:18 PM, Anonymous Anonymous said...

Rubo não pensei que o sofrimento da família de D. Penha fosse mexer tanto com creTina. Bom sinal. Demonstra que ela não é tão má pessoa assim. Também com a mãe que tem...
Otimo conto. Demonstra a infeliz realidade de muitas de nossas famílias brasileiras
Olha meu avô cancelou aquela conta de email logo estou sem blog por um tempo. Mas vou ver que que eu faço. Li teu comentário lá no meu antigo.
Bom fds pra ti. espero que teu natal tenha sido bom.
Abraços.

 
At 5:40 AM, Anonymous Anonymous said...

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